As histórias, crônicas, contos, causos. Exercícios de eloquência.

Wednesday, August 30, 2006

Buchada à Francesa


Sou honesto, mas não sou fanático."(Seu Madruga)
Era o aniversário do Cabelo-de-Lobo. Então ele me puchou pelo braço, tirando-me do meio daquele povaréu todo. Apesar da evidente embriaguez, parecia-me a mim, ele estar triste. “Godao, preciso revelar-lhe um segredo”. Olhei pra ele e disse pra ver bem o que iria falar. Vá que eu concorde. “Deixa de ser besta Godão. É um segredo que além de mim só o Capota sabe. E é pra você não comer da buchada do carneiro. Você não sabe como o bicho chorou lá em cima da camionete. Chorou os sessenta quilômetros de viagem e aqui antes de morrer chorou muito mais, parece que adivinhava que iam dar cabo dele”. Disse para o De Lobo que poderia ser impressão dele, o bicho bale, era isso, ele balia e não chorava. “Chorava sim, e não era pouco não. Isso tudo por um capricho do Marcélio: comer buchada no meu aniversário. Ora bolas, buchada! Tem até picanha na churrasqueira. Porque o bichinho teve que morrer?” Mas De Lobo – eu disse – que mal há em comer? Agora o bicho já morreu mesmo! E o Marcélio disse ali, para aquela turminha, que até o Fernando Henrique já comeu buchada e que lá na França é um “must”. De súbito, De Lobo espalmou a mão no meu tórax, como se a me conter – “ Na França o caralho”. Eu e o Capota misturamos a urina da bexiga do carneiro ao tempero do Marcélio. Não preciso falar à minha família, pois já não comeriam buchada nem mesmo lá na França.”Ah, se é assim! (...)O Marcélio, liturgicamente, movia os talheres e degustava prazerosamente a buchada, dando vazão a seu appétit . Eu, Cabelo – de – Lobo e Capota, erguíamos nossas tulipas de Chopes para um Tim-tim, porque beber sem brindar, sabe no que dá? Ríamos a todo. Disse então a De Lobo, como digo a meus grandes amigos em aniversário: Feliz aniversário. Que você tenha uma vida longa, mas cheia de felicidades!

Estória de Batata, bichos e quase amores.

Estória de Batata, bichos e quase amores.

Temere l'amore è temere la vita.- Bertrand Russel

Era a primeira noite de Colatina que partilharia a minha lépida presença com o Kikasoti, depois da adoção do gato preto. Aquele bicho, parecia-me que lhe fizera muito bem. Estava bem disposto, com alegria como a dos filhotes. Ouvi num programa de cultura inútil, na tevê, que os animais domésticos assumem um pouco da personalidade do dono. Por um tempo até acreditei nisso, porque o Pretinho, o poodle do Bizonga, fazia umas esquisitices que eram típicas do dono. Mas no caso do Kikasoti foi o contrário. Ele havia se transformado num bichano vivaz e sequioso por mimos. Talvez, e bem por isso que, quando notamos que olhares dengosos nos procuravam, partimos logo para o “fight”, e tomamos nos braços aquelas ninfas que nos alegrariam as horas seguintes, que de certo não se perderão na noite do meu esquecimento. Cada par, a seu modo, e é bom que se diga, aqueceu aquela rara noite de um pouco frio do outono Colatinense...
Sei muito bem que a causa de não me incomodar aquele feixe de luz de sol que vazava a mal fechada cortina da janela do meu quarto, naquela quase final de manhã do primeiro de maio, fora ter conservado, no íntimo, os afagos daquelas horas noturnas. Nem mesmo a longínqüa lembrança do “conhaque lemon” guardado ainda nas minhas papilas gustativas e a bem próxima barulheira, que logo decifrei ser uma manifestação de trabalhadores que reivindicavam os salários não recebidos, da massa falida de uma fábrica, me aborreciam – "dinheiro que esperamos há dez anos, como se pudéssemos viver duzentos ou se a fome pudesse esperar!" Bradava pelo sistema de som, uma voz que conhecia de longos tempos. Era a Batatinha. Então a manifestação era liderada pela intrépida e doce sindicalista Batatinha !? Meu pai, o Tião, disse depois, que quando o carro de som passou em frente à mercearia Avenida, num lance de abusada, ela esbravejou, dizendo que era por isso que trabalhador não tem valor, onde já se viu aquele comércio aberto num dia que o trabalhador deveria estar em casa descansando com a família? – Acho que ela não sabia que naquele comércio só trabalham gente da própria família. Ainda que ela dissesse tantas outras tolices, em nada desvaneceria a curiosa admiração que sempre nutri por ela. Não, ela não é qualquer, não que seja transgênica. Ela tem história, ou melhor, fez história!Voltando no tempo em que a molecada se esbaldava em brincadeiras pelas poeirentas ruas e de casas que não eram cercadas por muros, quando muito por cercas de ripas, no tosco bairro Maria das Graças, lá estaria a nossa futura sindicalista, numa árdua tarefa de ensinar os caminhos do “Senhor” a um bando de descarados, recém adolescentes.
Foi naquela ocasião que para os meninos, o catecismo não passava de um castigo, por roubar-lhes o tempo de traquinagens. E isso tornava as aulas da professora Batata num arrasto de monotonia. Aconteceu que um dia, ela sacou da bolsa um bilhete e disse que era um bilhetinho de amor. Que algum aluno tímido, tinha colocado às escondidas, em sua bolsa aquele bilhete, quase que por desespero, num esforço para um desabafo – "Olha gente!" - disse num tom professoral – "amor não é só isso". Vou ler para vocês – E com entonação da voz para declamação de poesia de amor, entornou nos ouvidos da molecada o bilhete em forma de poema:"
Um beijo nunca deve ser dado,
Com intenção de maldade,
Como fez Judas,
Aquele traidor degraçado,
Deve ser fraterno para ser belo,
Demonstrando amizade,
Como o ósculo de Cristo nos apóstolos,
Cheio de santidade.
Mas tenho que confessar,
Porque já não cabe em mim:
Um beijo em você Batata,
Nunca seria assim,
Seria de inchar os lábios.
Com impulso selvagem,
Como a cavalada no cio faz,
No pasto do “ Seu Mário”.
Eu a quero só pra mim,
Mesmo que seja amarada.
Afinal você me suscita,
Vontade para o pecado!
Depois de um suspiro, ao terminar a declamação, Batata disse que precisava conhecer o autor daquele anônimo bilhete, pois assim, poderia orientá-lo melhor, porque aquilo não era amor, era desejo libidinoso.Cogitou-se que porcaria nenhuma que algum aluno teria escrito aquilo, e que era uma jogada de marketing da Batata, para animar as aulas. Que aquilo era para que a moçada se atinasse a descobrir quem era o autor, cheio de paixão e desejo, e assim aumentar a minguada freqüência do catecismo. Mas era corrente minoritária que apostava no ardil da Batata. A maioria mesmo creditava ao Kito Barbieri a autoria, porque levados pelo senso comum, sabedores da irreverência do menino e das suas curtas e fulminantes paixões, e sendo ele bom no vocabulário, sabia de muitas palavras diferentes das que eles usavam nos chingamentos, pois ele lia tudo dos super-heróis Marvel. E também, a professora era “muito legalzinha com ele”, e na páscoa o único que a presenteou com um ovo de chocolate, fora ele. Mas eu sei de muitas coisas do Kito. Até umas que não gostaria de saber. Alguém que quase concluiu um “ strepetease” na boate Apocalipse, e não concluiu o intento porque os “ hômi” o botaram para fora em tempo, alguém que já foi o "Rei dos bundalelês" – até dizem que metade da população de Marilândia já conhece aquela bunda branca. Alguém assim não hesitaria de bradar pública e pirotecnamente que queria a Batatinha só para si. Vale lembrar da vez que ele se enterneceu pela Nades. Muito bêbado, falou na cara dela que “a amava mais do que a ele mesmo”. Confesso que aquela cena me fez achar que viver podia ser uma coisa muito divertida. Em casa ele ainda disse pra mãe que havia encontrado a mulher da sua vida, e que por cima ela era virgem – "Cruz credo, Kito" – disse Dona Alice – "só se for por cima mesmo, pois a Nades já tem uma filha mocinha. Vê se cria juízo, meu filho!" – Admoestou a mãe do nosso querido Latino.
De fato a filha da Nades já estava mocinha e até foi colega do Delmo num curso de modelo. Mediante observações, comecei a desconfiar da massada. E acho que só eu matei a charada. Há matos que parecem não ter coelho, mas pode sair uma lebre lá de dentro de vez em quando.
Havia entre aquelas pestes imberbes, um que se destoava dos outros. Calangão Possa, assim era chamado aquele que sempre deixava uma fruta na mesa da professora. Dizem até que desfalcou a comida do trinca–ferro, passarinho muito querido do seu pai, Durval Possa, quando subtraiu um belo mamão papaia para agradar a Batatinha, que tinha uma especial predileção por essa fruta, um tanto também porque era muito ressecada. E só ele usaria a palavra ósculo naquele bilhete. E ele era brilhante. Numa festa junina do bairro, notei-o transtornado. Pouco depois já estava com Junim Galileu, que nunca freqüentou o catecismo porque dizia que já sabia rezar. Esbanjavam no quentão, era um atrás do outro (falo do quentão). Ébrios, era até difícil entender o que balbuciavam. O Junim gritava algo como “ morte aos playboys, morte aos playboys” , agora o calanção dizia que iria se vingar. – “ aquela piranha vai ver que sou dos Junca lá de Santa Rosa de Marilândia” – Foi isso que pude entender. Agora tudo se esclarecia. A Batata, nesta festa, ficou no maior beiço-a-beiço com o Nego Mumu. E isso tinha convertido em ira todo sentido afetuoso do garoto.E ele, cara de palavra, maquinou. Sabia que por pouco mais de nada poderia comprar um daqueles meninos. Chegou a falar com Nego Bom que precisava de um “ servicinho” dele. Qual foi a surpresa o refugo à tarefa. Ele argumentou que não ficava bem a ele sacanear alguém que doava toda semana leite de cabra pra sua família , mas que botava fé na “parada”, e dava força na idéia do Calango Irado, de deletar a batata. E para provar isso, indicaria um primo seu, que o Calango conhecia, alguém que faria, e faria muito bem, se “ rolasse” um agrado. Pois o Satanás, como atendia o pior elemento daquele meio, topou por uns míseros trinta rojões, colocar uma perereca viva, capturada dos esgotos a céu aberto da antiga Maria das Graças, na bolsa da professora. Seria batata. Aliás, Batata desmaiada. Nenhuma mulher agüentaria isso. Ao término do pai nosso, a Batata resolveu pegar alguma coisa da bolsa. E com pouca surpresa, viu o bicho. Pegou – a nas mãos, coisa que, com exceção do Satanás, nenhum garoto ali faria. E começou a dizer que aquela era uma criatura de Deus. E como criação do Divino merecia o respeito. E que todos mereciam respeito, porque todas as coisas passam, mas só o amor que permanece. E, continuando, disse que perdoaria quem tentou assustá-la, porque Jesus faria o mesmo e muito mais. Ela só parou com o lenga-lenga, quando metade da sala já chorava. O Calangão não chorou, mas se sentiu novamente envolvido pela ternura e resolveu amar a Batata, mesmo que ela continuasse no “bem-bom” com o Mumu. Mas que fosse só ele. Se aparecesse um terceiro, o que iria para bolsa se chamava cascavel, com um veneno cruel, que nem daria tempo pra ela “balangar” beiço.
Parece até ficção isso tudo que contei. principalmente pela perspicácia e frieza da Batata, que é mulher, diante daquela perereca. Porque eu mesmo já vi com estes olhos que a terra não irá comer tão cedo, um marmanjo que mora na rua Santa Cecília, São Silvano, que vai à missa todo domingo, quase apagar por causa de um desembestado desse bicho, que não se sabe bem de onde apareceu, e pulou sobre o colo dele. Eu que acudi, se não alguém poderia se ferir nos móveis da casa, ou subir sobre a mesa por causa do pequeno batráquio. Mas aí já é outra estória...Ouvindo

Monday, August 28, 2006

Jefferson e o Calangão.

"O grande homem é aquele que não perde o coração de criança." (Mêncio)

Meu amigo Jefferson, Jeff para os íntimos, sempre foi desses que desconfiava de tudo e de todos, até dos amigos. Se alguém lhe contasse um causo, ou um fato histórico, o que quer que fosse, sempre que lhe interessasse, ele ia confirmar nos livros ou com outras pessoas. Dizem até que uma vez ele armou uma arapuca na sala pra ver se capturava algum gnomo, desconfiado de que realmente existiam, mas só pegou um calango gigante que acabou adotando como seu animal de estimação, aliás, um belo calango que conheci por fotos.Houve um tempo em que o Jeff andava tão comprometido com as suas desconfianças,que chegou a cogitar a possibilidade de só ele existir de verdade, as outras pessoas seriam apenas fruto de sua imaginação - devo confessar que por volta dos meus onze, doze anos, cheguei a pensar nisso também – desconfiando, assim de toda a realidade que o cercava, inclusive do calango gigante. O tempo passou e o Jeff percebeu que era muito complicado convencer as outras pessoas disso e a ele mesmo e abandonou essa teoria difícil, mas tentadora.

Uma coisa que Jeff nunca atentou, foi para o tamanho do seu calango de estimação, o Jeff tinha 1.79m de altura e o Calango batia na cintura dele, impressionante. Na sua casa não havia problema de gatos, todos fugiam com medo do Calango. Mas o Calango era a paixão da sua vida, dizem até que rolava algo mais entre eles, mas isso é apenas boato. Para se ter uma idéia o Jeff nunca havia dado sequer um tapa nesse Calango. Era aí que morava o problema. O Tropidurus torquatus era muito folgado e bem inteligente.

Tudo ia bem entre os dois até o dia em que o Jeff foi trabalhar e esqueceu de alimentar o Calango. Antes isso nunca havia acontecido. Aí foi o motivo para a tragédia. Logo que o Jeff chegou do trabalho notou que o Calangão estava meio inquieto, ficava pulando, batendo na porta, parecia estar apavorado. Notando tal agitação, Jeff abriu a porta rapidamente e começou o massacre. Uma luta quase inimaginável entre um ser humano e um calango. Luta não, o ser humano não teve chance, como já disse foi um massacre. O Calangão devorou o Jeff. Após isso tudo, o Calangão, que era um ser super inteligente, foi ao cinema assistir à Beleza Americana e até andou comentando que o filme tinha um estilo que ele “curtia muito” assim...” um tanto rodrigueano” (para quem não entendeu, quer dizer que o filme tem um enredo um tanto parecido com as estórias de Nelson Rodrigues – aquele torcedor ilustre do Fluminense que disse a célebre frase: “toda unanimidade é burra”).

Dizem que o Calango foi visto recentemente, com um sorriso cativante e também vento na cara, dentro de um Toyota Solara Convertible vermelho de rodas largas e confortáveis poltronas de couro legítimo, trafegando pela orla de Camburi, a palitar os dentes!

Wednesday, August 23, 2006

Para fazer neném.

O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras - acho que estou entre elas - aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação. Senna - Junho 1991

Volta e meia, meia volta, aparecia do nada lá na nossa rua. Ghéti, assim que a chamavam. Seria mais uma no meio da criançada, se não fosse tão grandona e não tivesse o ácido dom de povoar o jardim da nossa infância com crimes, que hoje saberia, sem qualquer suspeita ou dúvida, que se tratava de mentiras deslavadas. Diziam uns que ela morava no Morro do Cristo, outros que era na rua da Lama e ela jurava que sua residência era no centro da cidade, bem perto da matriz. Ela, quando chegava triste, a gente já sabia, “nossa, a Kombi vermelha já pegou mais um”. Então, Ghéti começava a debulhar os horrores. “Mas gente, ele era lá do outro lado do rio e a mãe dele viu quando o pegaram pelos braços e o colocaram na Kombi. Lingüiça, eles estão pegando a meninada pra fazer lingüiça. Eu conheço a família dele. Foram à polícia e a polícia nunca pega os caras”. O medo mesmo começou a me contaminar quando, toda rota, suada e com os joelhos relados, a Ghéti chegou pedindo água com açúcar, disse que fora perseguida, ali na rua de baixo, bem perto da minha casa, pela maldita Kombi. “Danou-se”, falei pro meu umbigo. Estou mesmo ferrado, não posso mais sair de casa, senão viro lingüiça. Lá em casa o pessoal dizia que essa tal Ghéti era cretina, “mentirosa de marca maior” e que lá na polícia não havia nenhuma ocorrência. Um menino estava desaparecido sim, mas ao que tudo indicava, ele quis desaparecer dada a causa dos maus tratos que recebia em casa da madrasta. Já havia pistas de que ele estaria em Governador Valadares. Que o menino estivesse em Valadares, em Vitória, em São Paulo ou na Conchinchina, o medo continuava a me paralizar a ponto de querer de deixar de ir à escola. O tempo passou, a Ghéti sumiu do mapa. Disseram que ela mesma havia virado lingüiça. Com o sumiço dela, a tranqüilidade voltou. Nada mais de ruim acontecia, exceto alguns dedos esfolados nas ”peladas” do Cantão. Não é que passados anos, estava eu e o meu velho, a comprar na feira livre e a Ghéti estava por lá, barriguda, carregava um filho no ventre. Arguta, pechinchava preço em tudo. Não falei com ela. Mas deu-me uma vontade bruta de dar-lhe um beliscão, assim como ela fazia com a gente e dizê-la: “ Aê dona Ghéti, quer dizer então que o pessoal da Kombi vermelha mudou de ramo, agora deram a fazer neném?

Ira! "O Girassol"

Saturday, August 19, 2006

Sobre flores e formigas cortadeiras.

Circunda-te de rosas, ama, bebeE cala. O mais é nada!
Fernando Pessoa

Decidira então, ela, que deveria cultivar rosas. Poliantas – pois haveriam de florir generosamente, pelo ano todo, o jardim lá de casa. Certificou-se dos cuidados que deveria empreender para o cultivo de seu sonho florido.
Brotaram viçosas e, em pouco tempo, produziram-se vistosos cachos carmins. A satisfação da contemplação não durou mais que um ciclo de floração. Apareceram as cortadeiras e que, por sua natureza, desfolharam todo aquele jardim. Minha mãe bem que tentou combatê-las, mas soube-se que elas nidificavam num quintal vizinho, onde morava uma gente de muros altos... Então fora um jardim de notáveis rosas, que se reduziu a um solitário tinhorão... (continua no blog Crônicas do Joel)
Celebrando com Faith no More - I Started a Joke.




Aqui também se lê e vê-se coisas boas: Afrodite Alê Félix*Alfarrábio*Allan Sieber *Ângela Scott*Angel Blue*Apostos*Assim é, se lhe parece*Anomia *Apeirophobia*Autopsicographia*Banana*Barafunda*Belas Imagens*Bereteando*Biajoni*Bia Badaud*Bitaites*Blog das Cores*Blog de Papel*Blog do Gejfin*Blog dos Cassetas*Blog'n'Roll*Bloggete*Blogólogo*Blogueira dos "Enta"*Blowg*Cadafalso*Caryoker*Catarro Verde*Chinfra*Cinema e etc*Cláudia Draper*Colombina*Coluna Brasil*Contexto da Descoberta*Contos Perversos*Copy & Paste*Cora*Cris Camargo*Cyn City*Danilo Amaral*Dennis On The Net *Dia a Dia*Diário Clandestino*Digestivo Cultural*Direita Volver*Dito Assim Parece à Toa*Divagando*Doce Maior*Drops da Fal*Dudi Maia*É por Aqui que Vai pra Lá? *Elis Monteiro*Epinion*Fatamorgana*Fabrício Carpinejar*FDR*Feito à mão*Fernando Cals*Flabbergasted*Forsit*Frankamente*Fulerus Filmes*Funny*Giniki*Grafolalia*Gugala*Hapax Legomenon*Hipopótamo Zeno*Homem Chavão*Interney*Ione*Iosif Landau*Jean Boechat*Jesus me Chicoteia! *Kel*Kibe Loco*Leite de Pato*Leonardo Pimentel*Liberal Libertário*Língua de Mariposa*Lu NY*Luz de Luma*Malvados*Marcos Donizetti*Mario AV*Marmota*Matusca*Mau Humor*Mauricíia Desvairada*Megalopolis*Mentes Férteis*Mikhail Askhalsa*Milton Ribeiro*Mirante*Misses P. *Mme. Mean*Na Cara do Gol*Nada é Por Acaso*Naíf Gendarme *Não Discuto*Nóvoa em Folha*Nós por Nós*O Busílis*Objeto Abjeto*O Chato*Ócio & Ofício*O Biscoito Fino e a Massa *O Polzonoff*Os Corleones*Padre Levedo*Patos & Fotos*Pega na Grandona*Pensar Enlouquece*Pirão Sem Dono*Plastic Surprise*Plínio Fuentes*Polli*Porão Abaixo*Postal*Pra Lá de Marrakech*Pro Tensão*Quem Tem Medo de Baby Jane? *Quid Est Veritas? *Ratapulgo*Relicário*Repórter Mosca*Rua da Judiaria*Salón Comedor*Sarneba *Saudade dos 80 *Scarlet Letters*Sheila Lerner*Sílvia Chueire*Sinaleiro Amarelo*Smart Shade of Blue *Sovaco de Cobra*Splendore *Striptease Cerebral *Stuck in Sac*Suburbia Tales*Suzi Hong*Tatiana Wise*Tchela*Teorias Umbilicais*Thomaz Magalhães*Too Much Information*Ururau Irado*Viagem*Vida de Redatora*Walkwoman*

Friday, August 18, 2006

A Lenda do Levi

Conta a lenda que um cara chamado Levi, conhecido por suas estripulias e traquinagens, além de espaçoso e indiscreto, foi fazer um retiro num lugar que só encontramos nas nossas recôndidas lembranças. Uns chamam esse lugar de Gurichaça, outros Guripinga, e há até aqueles que chamam de "O grande galinheiro".

Mas vamos aos fatos pois tenho mais o que fazer: O famigerado Levi com suas crendices tribais, julgava estar vivendo seus últimos dias sobre a terra (quem nos dera, fosse verdade!), pois uma história antiga da tribo dos “caixas d’águas” narra que no carnaval do ano 2000 haveria uma grande hecatombe na terra, causando a extinção total das pessoas espaçosas e que têm a língua solta. Por isso mesmo queria introjetar numa única noite, todo êxtase que um vivente pudesse sorver. Esquecendo-se de todos os conselhos da sábia moça loura (existe?) que o acompanhava, atinou-se a ingerir várias doses de martinis, conhaques, latinhas de cervejas ( nem se preocupava em limpar a borda das latas. Mesmo advertido da sua falta de higiene, ele exclamava: “eu quero mais é pegar leptospirose! “).

O pobre diabo, determinado na sua insana e licenciosa busca de prazer, afastando-se das normas do bem viver, adentrou numa casa que julgava ser habitada por belas e fagueiras garotas originárias do Honório Fraga, netas e sobrinhas-netas de uma sua ex namorada. Para a surpresa de nosso amigo “esponja de álcool” a casa estava sendo habitada por “porcão e os pitbulls indomáveis” que não alisaram. Fizeram o safado sair no galope trajando a indefectível cuequinha cor “encardida”. Na fuga do ódio insano dos pitbulls, achou
que fosse um boi guzerá e quis arrancar um portão com os chifres. Conseguiu um grande talho longitudinal na testa, tombando nas folhagens da castanheira. Socorro, Lindinha! – dizia ele atônito – chame o Godão! Agora ele está saradão e poderá me ajudar.

Enquanto isso o Godão ( sarado. Oitenta e cinco quilos para um metro e oitenta e cinco centímestros), comia morangos sem agrotóxicos, cultivados no mais absoluto equilíbrio entre a natureza e o homem, serenamente dizia: “calma Levis, a profecia começou a se cumprir. Senta aí e morre!

Ninguém soube explicar porque depois deste burlesco episódio o ex Godão ficou tão amigo do Porcão e dos Pitbulls Vascaínos!