As histórias, crônicas, contos, causos. Exercícios de eloquência.

Friday, December 29, 2006

Palavras mais buscadas na internet brasileira:

Cronicas do Joel Madden


A3 A8v Abajur Abercrombie Abridor Abril Abrindo Abstrato Academia Access Aceito Acer Acess Acessorio Aço Acordeon Acordeons Acrilico Action Adaptador Adaptec Adesivo Adestramento Adidas Adobe Adsl Advanced Adventure Aero Aerofolio Aerografo Aeromodelismo Aeromodelo Afinador Agasalho Agenda Agp Agrale Agua Agulha Aiptek Air Airon Aiwa Al Alarme Album Albums Alça Alcool Alemanha Alemao Alexandre Alfa Aliança Aliancas Alicate Alice Alien All Allure Almanaque Almofadas Alta Altezza Alto Alugo Aluguel Aluminio Amador Ametista Amigos Amor Amortecedor Amplificador Anal Anatomia Aneis Anel Angel Animais Anime Aniversario Anjo Ano Antena Anti Antiga Antigo Antiguidades Antonio Ap Aparador Aparelho Apartamento Apoio Apostila Apple Aprenda Apto Aqualand Aquario Aquecedor Ar Arcade Arezzo Argentina Argolas Armacao Armações Armani Armario Armas Aro Arquivo Arte Artesanais Artesanato Asp Assista Astra Asus Atacado Atari Athletic Athlon Ati Atibaia Atlas Atlhon Atomix Audi Audio Aula Auto Autocad Automacao Automatizador Automodelo Automovel Autorama Auxiliar Aviao Aviões Avon Azul Azzaro

Baba Baby Backing Bagageiro Bahia Baixo Baja Balança Balcão Balcões Baleiro Bali Bambu Banco Banda Bandai Bandeira Bandit Banho Baralho Barbeador Barbie Barcelona Barco Barney Barra Barraca Base Baseball Basquete Bass Bata Bateria, Batman, Batom Bau Baume Beatles Bebe Behringer Bela Belina Bem Benq Berço Bermuda Besta Betacam Betty Bi Biblia Bicama Bichinhos Bicho Bicicleta Bico Bijouteria Biju Bijuteria Bike Bilhar Billabong Bina Binno Biologia Biometria Bios Biquini Biscuit Biz Black Blazer Bloco Bloqueador Blue Bluetooth Blusa Blusinha Bmw Bobina Boca Body Boia Bola Bolha Bolinha Bolo Bolsa Bomba Bomber Bone Boneca Boneco Book Booster Bora Borboleta Bordadas Bordado Border Borracha Boss Bota Botao Bote Botoes Box Boxe Bracelete Branca Brasil Brasileira Brasileirinhas Brasilia Brastemp Brava Bravox Brinco Brinde Brinquedo Britney Bronze Bros Buggy Bugre Bule Bulk Bull Bulldog Bulova Bunda Burgman Buster Butterfly Buzina Bvlgari

C650 Ca Cabeçote Cabelo Cabine Cable Cabo Caça Cacamba Cachorro Cadeado Cadeira Cadillac Cães Cafe Cafeteira Cagiva Caixa Caixinha Calça Calçados Calcinha Calculadora Calendario Caloi Calota Calvin Cama Camara Camaro Cambio Camera Caminha Caminhao Caminhoes Caminhonete Camisa Camiseta Camisolas Campeonato Camping Campo Canais Caneca Caneta Canhão Canivete Canon Canto Cão Capa Capacete Capacitor Capim Capitao Capo Capota Captador Captura Car Cara Caraguatatuba Caravam Caravan Carburador Carcaça Card Carenagem Carga Carimbo Carlos Carnaval Carolina Carregador Carreta Carretilha Carrilhão Carrinho Carro Carroceria Carta Cartão Carteira Cartões Cartucho Casa Casaco Casal Casamento Casaquinho Case Casemod Casio Castiçais Catalogo Caucaia Cavaleiro Cavalo Cavaquinho Cb Cb Cbr Cbx Cd Cdj Cedula Celeron Celta Celular Cenas Centrais Centrino Centro Century Ceramica Cerca Cerveja Cesta Cetim Cftv Cg Cha Chacara Chanel Changeman Chapa Chapinha Charger Chave Chaveiro Chenson Cherokee Chevette Chevrolet Chevy Chic Chico China Chinelos Chip Chocolate Choque

D10 D20 D2 D435 D500 D600 Dado Dakota Dança Dance Dane Dark Dart Data Datilografia Ddr Ddr2 Decada Deck Decoração Decorações Decoupage Defeito Defesa Deh Delay Dell Delphi Dental Depilador Desbloqueio Desenho Desknote Desodorante Detecta Detector Df Di Dia Diagnostico Diamante Dicas Dicionario Diesel Dieta Digimax Digitação Digital Dimep Dimm Dinheiro Dior Diplomata Direção Direito Discman Disco Disk Disney Display Disqueteira Divx Dj Dkw Dlink Doblo Doces Dodge Dolce Dona Donkey Double Drag Dragão Dragon Dragonfly Dream Dreamcast Dreamweaver Drive Driver Ds Dsc Dt Dual Duas Duo Dupla Duplicador Duplo Duron Dvd Dvdoke

E398 Eagle Ebal Ecko Eclipse Ecosport Edição Edições Editora Efeito Ekos Elba Eletrica Eletrico Eletronica Eletronicos Elgin Eliminador Ellus Elvis Embalagem Emblema Emporio Enciclopedia Encore Energia Enfeite Engate Enigma Entrada Entrega Envelope Envio Enxoval Epson Equalizador Ericsson Erotica Erotico Erva Es Escapamento Escola Escort Escova Escritorio Escudo Escultura Espada Espanha Espanhol Espartilho Especial Espelho Espirito Esquema Estado Estampa Estante Esteira Estilo Estofados Estojo Estrela Etiqueta Etrex Excel Explorer Expositor

Gabinete Gage Gaiola Galaxie Gama Game Gameboy Gamecube Gang Ganhar Ganhe Garagem Garantia Garen Garfo Gargantilha Garmin Garota Garrafa Gata Gatinhas Gato Gaveta Gay Gb Geforce Gel Geladeira Genius Geografia George Geovision Gerador Gforce Gibi Gibson Giga Gigabyte Giorgio GL GLS Globo Gloss Gm Gnv Gol Golden Goldship Golf Golfe Gols Gordini Gostosa Gozadas Gps Grade Gradiente Grafica Graficos Grama Gramatica Gran Grand Grande Gratis Grava Gravação Gravador Grave Gremio Grill Grupo Gs Gsm Gsxr Gt GTI GTS Guarana Guarda Guaruja Gucci Guerra Guess Guia Guincho Guindaste Guitarra Guns Gurgel

I835 Ibanez Ibiuna Ibook Ide Identificador Ideograma Ignição Ilha Iluminacao Imã Imagem Imovel Impala Importados Importar Impressão Impressora Incrivel Infantil Infinity Inflavel Infocus Informatica Infra Infravermelho Inglaterra Ingles Injeção Inox Instalaçao Instrumento Intel Interface Internet Intex Intruder Inversor Inverter Ipaq Ipod Irda Iron Italia Italiano Itanhaem Itautec Itrip Iveco

Jack Jadore James Japão Japones Jaqueta Jardim Jaspion Jato Java Jazz Jean Jeans Jeep Jet Jipe Jiraya João Jogo John Johnny Joia Jorge Jornada Jose Joypad Joystick Juliet Junta

K300 K300i K750 K750i Ka Kadett Kaiak Kangoo Kappa Karaoke Karmann Kart Kasinski Katana Kawasaki Kawazaki Kenwood Kiko Kimono King Kingston Kipling Kit Kitty Kodak Kombi Korg Kouros Kyocera

L200 Labrador Lacre Lada Lambretta Lampada Lampião Lan Lançamento Lancha Lancome Land Landau Lanterna Laptop Laser Lata Laterais Lava Lavadora Lcd Leadership Leau Led Lego Leilao Leilões Leitor Leitura Lembrança Lembrancinha Lente Leona Letra Levis Lexmark Lg Libras Licença Liga Light Lilica Limpador Limpar Limpe Limpeza Linda Lindo Lingerie Linha Link Linksys Linux Liquid Literatura Live Livro Locadora Locomotivas Logo Logus Loira Loja Lona Longo Looney Lost Lote Loteria Louis Love Luminaria Lustre Luva Luz Lycra

Mac Maca Macacão Macaco Maçaneta Maçonaria Madeira Madonna Magic Magica Magma Magnum Mail Maior Mairipora Mais Maisto Mala Malabares Maleta Malha Maltes Manequim Manga Mangels Manometro Manopla Manta Manuais Manuales Manutenção Mapa Mapex Maquiagem Maquina Marajo Marca Marcenaria Marea Maria Marina Mario Marshall Marvel Mascara Massageador Massagem Master Mata Matchbox Matematica Maternidade Matrix Maverick Maxtor Maya Mazda Mb Mc60 Mcfarlane Mdf Mecanica Medalha Medicina Medidor Mega Megane Meia Melhor Melissa Memoria Memory Men Menina Menino Menor Mercado Mercede Mercedez Mergulho Meriva Mesa Metal Meteoro Metodo Mexico Mg Michael Mickey Micro Microfone Microsoft Midi Midia Mido Milan Milha Militar Mille Minas Mini Miniatura Minie Minisd Mirage Miss Mitsubishi Mixer Mizuno Mobile Mochila Moda Modelo Modem Modems Modulador Modulo Moeda Molas Molde Moldura Moletom Moleton Monark Monitor Monster Mont Montagem Montana Montar Montblanc Monte Monza Moranguinho Morena Mormaii Moto Motor Motorhome Motorola Mountain Mouse Moveis Movel Movie Mozart Mp Mp3 Mp4 Mp5 Mpx Ms Msn Mu Muck Muito Mulher Multa Multi Multifuncional Multimetro Multioke Mundial Mundo Munhequeira Musculaçao Music Musica Musicais Mustang

Nacional Nano Napoli Nascimento Natal Natura Natureza Nautica Neca Negras Neo Neon Neons New Nextel Nike Nikon Ninho Ninja Nintendo Nirvana Nissan Nitro Niva Noiva Noivinho Noivo Nokia Nome Nota Note Notebook Nova Novela Novo Np Numero Nvidia Nx Nx4

Oakley Objetiva Obras Oculos Oferta Office Oficial Oleo Olho Olympus Omega Omni Onibus Opala Operadora Oportunidade Oral Orange Orbital Oregon Originais Originals Orion Orixas Ouro Outros Ovos Ozark

Pabx Pacote Pague Paineis Painel Paises Pajero Palio Palm Palmeiras Pampa Panasonic Panela Panini Pano Pantech Pap2 Papai Papeis Papel Par Parabrisa Parachoque Parafusadeira Parafuso Parana Parati Parker Partitura Passagem Passat Pasta Patch Patins Paul Pc Pc100 Pc133 Pc2700 Pcchips Pci Pcmcia Pctv Pe Pearl Peça Pedais Pedaleira Pedestal Pedra Pegadinhas Peixe Pele Pelicula Pelucia Pen Pendrive Penis Pentax Pentium Pequeno Perfume Perola Persa Persianas Pesca Peso Peugeot Philco Philips Phone Photoshop Php Piano Picape Picasso Pick Pickup Pico Pico2000 Piercing Pilha Pinacle Pinball Ping Pingente Pingo Pink Pinnacle Pintura Pioneer Pionner Pirelli Pisca Piscina Pista Pistão Pistoes Pistola Pit Pixelview Placa Placar Planet Planilha Planta Plasma Plastico Plastificadora Plataforma Play Play2 Playboy Player Playmobil Playstation Playstation Ploter Plotter Plug Pneu Pocket Poesia Point Pointer Pokemon Poker Policia Polidor Polo Poltrona Ponteira Ponto Poodle Pooh Porcelana Porno Porsche Porta Portão Portatil Porto Portões Portugal Portugues Posições Positron Postais Poster Pote Potencia Potter Power Powerpack Prada Praia Prancha Prancheta Prata Prateleira Prato Prazer Preço Premiere Presario Presente Preto Princesas Pro Processador Processo Produto Programa Programador Projeto Projetor Promaster Promoção Pronta Proteção Protetor Provas Provedor Ps2 Ps3 Psp Puf Puff Pulseira Puma Punk Purificador Qtek Quadriciclo Quadrinho Quadro Quantum Quarto Quartzo Quatro Quebra Queen Queima Quem Quimica Quina R1 R200 R220 Rabeta Raça Racing Rack Radeon Radio Ralph Ranger Raquete Raridade Ratos Ray Razr Rbd Rca Real Rebel Rebelde Reboque Recarga Receiver Receptor Recuperador Recurso Rede Reebok Refil Refrigerador Regata Rei Relogio Remoto Renault Renda Renew Reparo Repelente Replica Reset Resident Resina Restaurante Retifica Retro Retroprojetor Retrovisor Revista Rio Ritmo Rj Rj45 Roadstar Roberto Rock Roda Rokr Roland Rolling Rolo Ronaldinho Rosa Rosetta Roteador Rotulos Roupa Router Rpg Rs RR Rural S10 S500 S600 Sabonete Saco Sacolas Safadas Saga Sahara Saia Saida Saint Sakura Sala Salão Salgados Salto Salvador Samba Samick Samsung Samurai Sandalia Sandisk Sanrio Sansung Santa Santana Santos São São Paulo Sapatenis Sapato Sapphire Sata Savage Saveiro Sax Saxofone Sc Scaner Scania Scanner Scarpin Scenic Schutz Scooter Script Scsi Sd Seagate Seat Sebo Secador Secadora Seda Sedan Sedex Sedução Segunda Segurança Seiko Seladora Seleção Seleções Selenium Selim Selo Semente Semi Semprom Sempron Senhor Senna Sensor Sequencial Serasa Serial Serie Serigrafia Serra Servidor Sex Sexo Sexy Shadow Sharp Shelby Shimano Shop Short Show Shox Shutt Siemens Siena Silicone Silk Silverado Sims Singer Single Sino Sinuca Sistema Site Sitio Skate Skype Sl55 Slim Slot Smallville Snake Snooker So Sobrado Sobre Society Socket Soco Sofa Soft Software Solda Solex Solitario Som Sonic Sony Sonyericsson Soprador Soquete Sorvete Sound Soutien Soyo Sp Spawn Spc Speed Speedstream Splinter Spoiler Sport SportageSprinter Spyder Squier Srad Stabil Star Stick Stilo Strada Strass Street Strobo Studio Sub Subaru Subwoofer Sundown Super Superman Suporte Surf Suspensão Sutiã Suzuki Swarovski Swatch Swing Swiss Switch Switches Symbol System

Friday, December 08, 2006

Porque não fiquei com Dora.

Photobucket - Video and Image Hosting





“Eu quero amar, amar perdidamente !Amar só por amar: Aqui … além…Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente …Amar ! Amar! E não amar ninguém !“(Florbela Espanca)


Ela colocou a mão direita na minha nuca, a mão esquerda sobre a borda do teto do “carango”. Pediu para ficarmos. Afetuosamente dizia que o tempo estava para chuva. “Quando chove um temporal como o que está por vir, as estradas destas bandas viram um barreiro, traz muito perigo para dirigir carro. Tomem mais uns tragos e se acomodem”. Diante da nossa insistência de despedida, nos convidou para voltarmos mais vezes e que no próximo domingo a programação de Alto Liberdade seria das boas. Fitou-me com os olhos tão azuis e forçou o meu pescoço para acontecer um beijo. Constrangimento puro. Duas mãos no volante e não cedi. Então tchau, tchau, ..., vão com Deus! Passei a primeira e arranquei o carro e a graça da mulher.

Certamente se sentiu a última.Cem metros à frente, gargalhadas uníssonas no carro. “Mas ela só queria um beijo, desses de mordidinha que você diz saber dar”. Dizia Adejander, saboreando o som de cada palavra. O Dotô Digo também não se calou, dizendo que nunca havia visto alguém de pescoço mais rijo. Mas só o pescoço! Rá, rá, rá...! Válber para não ficar de fora, nada original, cantarolou com uma voz pastosa, típicamente bêbado “ não interessa se ela é coroa,
panela velha é que faz comida boa”. Ah, Válber, pudera eu dar uma descarga!

E, assim descemos aos risos pela estrada poeirenta, parelha ao Rio Liberdade. Disse a eles que, já que achavam esse episódio tão interessante que colocassem na
Difusora para o Alcenir noticiar. Já que foi tanta notícia o refugo do Baloubet du Rouet, o meu refugo também daria IBOPE !

Até que a chuva da Dora veio e o pó tornou-se barro. Alguém, não me lembro, disse profeticamente “tamos fudidos”. Foi assim que o Escort (bofemóvel, como diria o Guidoni, mas mofando em casa!) deu-se a patinar estrada afora até girar e por poucas polegadas não encontrar uma parambeira com plantação de bananas. Isso colocou sobriedade em todos. Que continue a sorte!
Domingo outro, recompostos, estávamos de novo em Liberdade.Dora estava lá sentada, coladinha a um homem de cabelos de cachos uniformes, olhos claros, branquíssimo como bruma e longe de ser galã. Não parecia jovem, mas tinha um quê de jovialidade em gestual. Ele acariciava o rosto lívido e maduro de Dora como se gostassem muito. O “
forró pé de serra” fervia na cabana. Os dois, a mim parecia, sentiam-se a sós no mundo. Nenhuma grana tiraria-os daquela mesa sombreada por uma calabura. Quando acabei o grande copo de cerveja, tomei ânimo e como se vestisse um casaco de general, fui ter com os dois. Não sei por que “cargas d’águas” fiz isso.

Ela cortês e riso conhecido. “Fidélis, este é o Lu, ele sabe fazer a cabeça da mulherada. Jaque vai arrumar o cabelo com ele, lá em
Colatina, para o casamento!”. Galega desgraçada. Não me chamo Lu, não faço a cabeça da mulherada, ainda mais nesta acepção. Não a beijei no domingo da chuva, não por questão de distantes nossos anos de nascimento, foi só porque fiquei avexado com a turma.

Não me chateou Dora. Para um hipócrita como eu, isso era pouco!
...................................
Sandy nua pelada play sexy Area Sexy - Kelly Key Manuela Syang USa sandy nua pelada Thais Gretchen Ticiane e Elo Pinheirplayboy sexy dreamcam mes Fotos Sequencias Teens Lesbicas gay Area Sexy - Kelly Key Manuela Syang USa sandy nua pelada Thais Gretchen Ticiane e Elo Pinheirplayboy sexy dreamcam mes Fotos Sequencias Teens Lesbicas pênis prepúcio

Saturday, October 21, 2006

O Calendário da turnê para o outro mundo.






Quem conta um conto aumenta um ponto (Sabedoria Popular)


Os caras nem se gostavam, apareceram subindo a ladeirinha, lado a lado, coladinhos, dividindo um guarda-chuvas. Viviam se criticando, atirando-se farpas nada veladas, não seria uma chuvinha tão miúda que lhes abriria o coração à solidariedade. Até então eu sabia que em comum só tinham o branco dos olhos.


Foi então que o mais moço chegou lá na sala, bem mais falante que lhe é a praxe, tampouco foi logo “fominha” ao computador ver os “e-mails”. Falou “hoje é dezessete”. Disse-lhe, dezessete é número primo, alguma coisa contra? – “Não chefe, pelo contrário. Um evento de disparo cósmico acontecerá hoje, dia 17 de outubro. Os raios pulsantes de um feixe de luz ultravioleta, chamado de beam, de uma dimensão mais alta no universo, cruzarão a rota da Terra e estaremos sob influência desses raios durante 17 horas do nosso tempo, neste dia.”


Não segurei, ri na cara e perguntei se isso tinha a ver com ele vir grudadinho ao Luís. Um tanto grave, pediu-me que ficasse um pouco quieto que me contaria a boa nova. Disse-lhe “então tá”.


Chefe – ele me chama sempre assim - Este beam ressoa no chacra do coração. É de radiação fluorescente em natura, azul e magenta em cor. Apesar de ressoar nesta freqüência está acima do espectro de cores do nosso universo como, nós da Terra, conhecemos.


Pensei “minha nossa, ele é mais doido que eu supunha. Ah se eu pudesse dar um “mute” nele, como fiz com o Paulo Coelho, outro dia na tevê, tentando me ganhar com um papo de que só queria ir para a academia brasileira de letras porque pretendia garantir o seu futuro: quando ficasse velho e senil, teria algum lugar para ir conversar e tomar chá. Mas com o Ramos não dava, ele estava ali, em carne e osso. Pensei no lado positivo da situação: Era melhor ouvir do que ser surdo. Ele continuou a derramar o verbo: “Pela natureza de nossas almas ou grupos de almas operando nas bandas de freqüência do universo terá efeito sobre nós. Esse efeito será a ampliação de nossos pensamentos e emoções na intensidade de um milhão de vezes.”


Atalhei-o: Um milhão de vezes? “Sim – respondeu-me – um milhão de vezes mais. Cada pensamento, cada emoção, todas as intenções, cada desejo, não importa se bom ou ruim, doente, positivo, negativo, será ampliado mais de um milhão de vezes na sua intenção. O que isto quer dizer?” – Eu disse sei lá, é você que está falando! Ele não notou o meu enfado e continuou.“Já que a manifestação da matéria é causada pelos pensamentos, no que focarmos, este feixe acelerará estes pensamentos e os solidificará numa proporção acelerada, fazendo-os manifestarem-se um milhão de vezes mais rápido do que normalmente aconteceria. Para os que não compreenderam, criamos nossa realidade a partir dos pensamentos e desejos que focamos. Este feixe de luz poderá também ser um perigoso instrumento, pois se estiver focado em pensamentos negativos, eles se manifestarão na sua realidade, quase que imediatamente. Porém, ele poderá ser um precioso presente para que você possa usá-lo positivamente. A missão deste dia requer aproximadamente um milhão de pessoas focando positivamente, no bem, bons pensamentos para si próprio e para a Humanidade, neste dia. Poderemos estar próximos de um milagre pela união do bem.”


Falei – pôxa – você está parecendo pastor. Já pegou o dízimo do seu novo amiguinho? Contou-me que o Luís também estava sabendo da importância da data e que também iria “focar”.


Não dei muita trela para o teor daquela conversa místico-nonsense. Mas achei que ele falara bonito. Que coisa, como ele falara bonito! Por isso, na cama, antes da chegada do sono, comecei a pensar coisas boas, pra mim principalmente, e também para os outros. Dormi bem, feito criança. Acordei num belo dia dezoito de dar vontade de voar. Só que o meu lábio superior estava inchado e nem imagino o porquê. Passava pelo mulheril e escondia a boca com a mão. Chamaram-me de beiçudo no trabalho!


Música do Robbie Williams:
Angels


Participe da Comunidade do Orkut “Eu leio as Crônicas do Joel”


#

Friday, October 13, 2006

A comunidade - Um mimo!

O editor do blog no orkut


Pressuponha, meu preclaro, que você resolva sair um pouco na noite. Fisicamente você não quer lá muito ( aliás nem pouco). Está extenuado, mas não dirá não a si mesmo. Há um chamado de gente de amizade que não se perderá em conceitos e na memória. Mas se no outro dia quiser estar bem disposto para devorar todas as notícias dos jornais e jogar muita prosa fora? Quando se está numa mesa de bar com apreciadores de cerveja não é de bom tom tomar água.

Eu tomei as cervejas com desenvoltura, com os mesmos risos e maledicências. Não digo que foi "ah que bacana". É que o Suela é um degenerador de virtudes, um desconstrutor de heróis. Ele bem que poderá dizer por aí, e até fará crer que as ações de São Francisco eram apenas artifícios ardilosos do capitalismo ainda nem embrionário. Possivelmente na meninice desse Suelinha, lá nos grotões de Marilândia, a fazer a digestão debaixo de uma jaqueira, um fruto caiu-lhe na moleira. E ele não muda, mesmo com aquela fausta argola dourada no anular da mão direita.

E o Meninão Gripa no "bem-bom" na oktoberfest - o Dag Possa e o Augusto Aranhomem é pouco para contrabalancear uma sola de sapato. Cadê o Bonatinho nesta cidade? O Giovany, está na capital? Ruan dorme cedo? Kiko Casoti não sabe que acabou o inverno?

Deixo para lá. Bem hoje, no dia das crianças a Vivi Borchardt, me vem dizendo isto: "Criei uma comunidade lá no orkut - Eu leio As Crônicas do Joel." Um mimo. É isto: É um mimo! "Brigadu Vivi!"

Gonzaguinha: Eu Apenas Queria

Wednesday, September 27, 2006

Adeus agosto, em agosto há Deus.

Pôr-do-sol  de  Colatina




"A lição sabemos de cor. Só nos resta aprender."- Fernando Brant


Sem perceber eu havia escorado os cotovelos no parapeito da varanda. Nem fora o vento, que não havia, que teria me açulado àquele gesto. Às vezes até uma folha que se desprende da cabreúva que se expõe magnífica à vista da varanda lá de casa, faz-me mover. Estranho, uma dispersão ajuntada de abatimento incomum, houvera me paralisado. Busquei recrear minha vista no rio e nos prados do seu entorno. O rio assoreado expunha em seu leito vastos e múltiplos bancos de areia, jogando na nossa cara o descaso antigo; e pelo longe, na direção de Santa Margarida, brotava uma fumaça de queimada de pasto que se espalhava pelo vale, tornando ainda mais débil a luz daquela monótona tarde. Era curioso como o fogo na pastagem se aproximava de uma solitária árvore que lembrava o cedro estampado na bandeira do Líbano. Inevitavelmente vinha-me à mente as imagens dos escombros dos prédios em ferragens retorcidas, os tantos mortos, as gentes em desespero tentando fugir dos bombardeios de Israel sobre Beirute e outras cidades Libanesas, para aniquilar a qualquer preço o Hizbollah. Era agosto.

Sempre fugi de ser estúpido. Corro de ser estúpido e tropeço na estupidez. Não queria acreditar que agosto fosse o mês do desgosto. Já ouvira isso, mesmo lá dentro de casa. Pensei no agosto passado, havia tomado a minha primeira multa de trânsito em anos de habilitado. Dias depois, as dezesseis válvulas do motor de meu carro se multiplicaram em prejuízos (até pensei em pagar o Visa com o Mastercard). Lembrei-me do balaço do Getúlio, da “noite de São Bartolomeu ou massacre em nome de Deus” e do falecimento de parentes naquele mês. Pronto: Já tinha me transformado num completo estúpido.

Tirei os cotovelos. Pensar é essencialmente errar – já dizia o Caeiro. Resolvi agir espairecendo-me pela cidade. Estava de férias, afinal. A locadora de vídeos, iria lá. Na altura do Colégio Antônio Nicchio, que mal, encontrei pedras no caminho, não pedras quaisquer. Eram pedras enormes de granito, sobre fileiras intermináveis de carretas que faziam um manifesto e bloqueavam o meu caminho e de tantas outras gentes. Queriam os carreteiros a revogação do decreto de proibição de trafegarem pelas vias da cidade. Deixei estacionado o carro no lugar até onde pude chegar. Caminhando vi o Gu Braga. Acenou-me, e por obrigação, como quem joga algo fora, respondi ao aceno.

Atravessei o quase quilômetro inteiro da Florentino Ávidos a pé. Já fizera aquilo antes e me parecia que fora há muitos séculos. Nos séculos em que havia o supermercado Morita, a Loja Odontótica, a Caderneta de Poupança Tamoyo. Nos séculos em que eu não perdia por nada os filmes do Giuliano Gemma, nas matinês do Cine Gama ou do Cine Idelmar. E tampouco as domingueiras do Clube ACD. Quando do Zoológico do CREB: quantos e quantos ontens!

Uma lâmina d’água que não encobria sequer um tornozelo, era o que passava debaixo daquela ponte. A despeito de tudo, mesmo que se passasse um caudaloso rio ali, não me jogaria. O “troço” estava ruim mas não era para morrer. Mesmo que fosse pra morrer, teria que ser bonito (se é que se pode). Talvez numa colisão com aquele trambolho com a inscrição “Bondinho da Alegria” que trafega pela cidade, carregando os pequenos, até pela noite, sem cintos de segurança, em bancos de madeira, a fazer festa. Mas que por um milagre nenhuma criança, e ninguém mais se ferisse, que só eu morresse. Assim notar-se-ia o desserviço à educação no trânsito, um descalabro da nossa cidade, onde se multa por causa do carona sem cinto e deixa-se ganhar dinheiro às custas de riscos para inocentes. Mas não queria morrer. Os olhos que vêem tão moribundo o doce rio, querem mais ver!

Então desci pela cabeça da ponte – a nossa ponte tem cabeça e quebra-molas – entrei na primeira Lan House que veio a frente, para mergulhar no mundo virtual. Queria outro mundo, encontrar meus amigos. Foi então que entre Messengers, e-mails e orkuts, lá estava escrito no perfil do Bonatinho no orkut, como uma fogueira num dia gelado: “Um rapaz humilde, de boa índole e apaixonado pelos estudos (belelza)!!!(...) E com o coraçãozinho acelerado por uma paixão, completamente cheio pela namorada, que quando está perto me tira o fôlego, me deixa bobo e com vontade de nunca mais ter que me despedir... Margarida, amo você!!!”

Fez-me mover bem mais que as folhas da cabreúva. Desconfiei que me enganara sobre agosto. Já me fazia bem saber da festa de aniversário da cidade, ver toda a gente a passar nas ruas. Esqueci-me das mentiras que me contei...

A verdade era agosto o mês de decisão. O descuido com o carro vinha de outros meses, o problema do trânsito da cidade era de muitos janeiros. O rio nos expõe em agosto o seu definhamento, para que, quem sabe o salvemos. E foi bem nesse agosto que começou a construção da outra ponte sobre o Pancas, para tirar da cidade o trânsito das medonhas caretas.

Ao retornar, no mesmo a pé, pela Florentino Ávidos, notei um pôr-do-sol que nunca vira neste e nem em outros séculos com os mesmos olhos que a terra não há de comer tão cedo e que do mais tem um coração lá dentro. Havia Deus em agosto.


Sandra de Sá: Bye Bye Tristeza

Catedral: Sol de Primavera







Saturday, September 23, 2006

O canguru e o meu cachorro não são chatos.

Brizola



"Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras."
(Sigmund Freud)

Não sei por que mãos o bicho chegou lá em casa. Disseram que um moleque o deixou bem ali, perto da entrada, onde ninguém o negligenciaria. Do que duvido. Ninguém tira da minha cabeça que isso fora coisa da Gabriela, filha do Dino.

Um vira-latas, ainda muito tenro, que adorava afagos. Com o cuidado que carecia e cara de indigente, tomei partido dos que achavam por bem que a família deveria criar o cãozinho. E foi. Meu pai deu-lhe o nome Brizola. Eu preferia Fred. Crescia que quase se via. Afeiçoei-me ao bicho e ele a mim. Incrível, ele conhecia até o barulho do meu carro. Quando engatava a segunda marcha e virava a esquina para minha casa, meu olhar encontrava o Brizola, todo sentinela, a abanar cauda. Ele lá cheio de orgulho de seu dono. Me amava.

Ninguém é perfeito pra ninguém. Eu era perfeito para o Brizola. Dele só não gostava da efusividade com que me recebia quando eu chegava altas horas em casa. Eu sabia que minha vizinha do lado da rua, vivia a vigiar a que horas eu chegava. Não sei bem a que propósitos, mas sabia que me espreitava. E o Brizola, escandaloso, com sus latidos de declaração, acabava avisando a vizinha. Então, quando sabia que voltaria tarde da noite, embrulhava umas salsichas e guardava no porta-luvas do carro. Salsicha era a única coisa que o fazia desistir momentaneamente de mim. E foi assim muitas vezes, até um dia que o notei jururu. No outro dia mais jururu ainda. Pensei que fosse falta de fêmea, mas não. O Brizola fora acometido por cinomose e a cada dia ficava mais debilitado. Mesmo não podendo movimentar a anca, se arrastava para chegar até mim, pra ganhar um afago. Me cortava o coração ver aquilo. Era questão de dias, o Maradora do Fonsin, já tinha ido com menos tempo. O pessoal do controle de zoonoses resolveu poupar-nos do padecimento e levaram o Brizola para o sacrifício.

Resolvi que dali em diante nunca mais teria um animal de estimação. E de fato não os tive. O único bicho que me divertiu depois, foi um canguru que encontrei na sessão de piadas da revista Playboy. Era hilária demais, apesar de achar que só eu me divertia com aquela piada. Certa feita, na despedida do professor Jorge Campos, que retornaria ao Rio, todos alegres, depois de umas “geladas”, resolveram contar anedotas. Uma atrás da outra e forte gargalhadas. Pensei “vou arrebentar com a minha piada. E mandei meu canguru. Coitado de mim: tímidos risos pra não perder o amigo.

Resolvi deixar o canguru de lado.

Dia desses, estando com meu amigo Ruan Carlos, notei-o um tanto “deprê” – Aê, solta um sorriso aí, otário – falei pra ele. E nada. Nem um “três oitão” fazia o menino rir. Então como numa mágica que não se pode explicar, soltei o canguru. “Ruan, certa vez no oeste bravio, um canguru adentrou um saloon a saltitar, debruçou-se no balcão e pediu uma dose de martíni seco. O barman, mesmo abismado, atendeu sem hesitação o pedido do inusitado cliente. Depois de tragar calmamente uma segunda dose, o canguru pede a conta ao garçon, que lhe cobra dez reais. O marsupial paga. O garçon não se contendo diz: “desculpe-me, mas devo lhe dizer que é a primeira vez que atendo um canguru”. O canguru mira-lhe com os olhos e responde: “com o preço que vocês estão cobrando será a primeira e última”.

Foi o bastante para lhe botar alegria. Até hoje ele ri do canguru. Não sei, mas acho que a piada caiu-lhe bem porque ele gosta de bichos. Outro dia ficou um tempão na Gaiola de ouro, aquela loja de animais da Cassiano Castelo, a olhar os cachorrinhos na gaiola.

Para ouvir: Forever Young (acústico)- Alphaville




Thursday, September 21, 2006

O fantasma do Cruzeiro de Marilândia e fantasmas outros.

Fantasmas existem

Mijavam-se de medo. Digo melhor: mijavam-se por medo. Isso de saci, mula-sem-cabeça, capeta, sempre botei mais crença que em papai Noel. A molecada do meu colégio primário, naqueles anos oitenta, talvez acreditasse mais no Noel. Mas da loira do banheiro, comungávamos o mesmo sombrio e mórbido temor.
Quando cresci só um pouco mais, desconfiei que essa estória de loira do banheiro ou “mulher de algodão”, era lorota das professoras. Uma “veaca” invencionisse das “tias” afim de evitar a pedição para ir ao banheiro na hora da aula. Elas falavam do espectro, davam diversas versões à sua origem, mas no final, ela sempre se abrigava morta-viva, no banheiro da escola. Pálida e com algodão nos burracos do nariz, para não derramar o sangue, que desprendia, em decorrência de um bárbaro assassinato.
Lembro lá longe, na quarta-série, da menina que teve de voltar pra casa para trocar as roupas de baixo. A professora nos disse que em tempo frio era comum se ter incontinência urinária. Até hoje nunca soube de alguém que tenha mijado nas calças por causa de frio. Ainda se Colatina fizesse algum frio. Medo. Puro medo.Nos recreios íamos aos bandos no mictório. Ninguém queria terminar por último. Havia sempre as “gracinhas” de se empurrar o retardatário e fechar a porta e segurá-la para fazer o desinfeliz, que já urinara, borrar-se de medo. E como curtíamos isso! Nós, um bando de poltrinhos de ventas largas a respirar felicidade, a aproveitar da vida até o bagaço.Lá em casa, meu avô já dizia que brincadeira tem aquilo “vermeio”, começa “bunitu” e termina feio. Feito como dito: num dia que nem estava frio, a molecada se espremia para se aliviar no mictório. Sobrei. Quando debandaram para fechar a porta, tentei segurar um franzininho, que escorregou no piso molhado de urina, batendo a testa na quina do lavatório. Uma testa rachada e o sangue novo, sem hiperbolismo, corria em bicas. Lixaram-me moralmente todos. “O grandão havia passado a perna no menininho raquítico”. Primeiros socorros: pó de café pra estancar o sangue. Coisa das merendeiras. Foram à casa do menino, que morava perto da escola, para avisar a mãe. Não estava, costurava o dia todo numa fábrica. Eram pobres. E eu mais ainda. Não me lembro de tanto mais. Embotaram-se os detalhes. Sei que depois daquele dia perdi completamente o medo da “mulher de algodão”. Ia sozinho ao banheiro. Cheguei até a horas lá dentro. Nenhuma mulher, nem mesmo a de algodão, quis fazer companhia a um bruto que machucava os pequenos.Embotaram-me os detalhes. Mas é certo que o rachado na testa do raquítico e pobre menino cicatrizou. E eu, aos poucos, deixei de ser uma alma penada e definitivamente desacreditei em assombração.Estas lembranças desenterraram-se há umas três semanas, quando folheando o Jornal “A Gazeta”, li a reportagem: “Jovens vêem fantasma no Pico de Liberdade, Marilândia.” A estória é mais ou menos como segue: “um grupo de sete jovens, quatro homens e três mulheres, que faziam acampamento no Pico da Liberdade, município de Marilândia, o mais alto da região, viram uma mulher de vestido vermelho e esvoaçante, flutuando, surgida do nada, perto de uma árvore. O aparecimento do espectro foi seguido de uma ventania súbita que fez cair folhas da árvore. O meu amigo Jef, o Suelinha, que é daquelas bandas, diria que fora a abstinência de gardenal que fez aquela galera ver coisas – diria isso com riso descarado ao final. Só que tem uma coisa: os “lemão” filmaram. É bem provável que estavam a filmar quando aconteceu o fenômeno. O rapaz que gravou o vídeo ficou uma semana sem dormir. O filme foi examinado por um professor de física, de sobrenome Falqueto, que não viu qualquer indício de fralde. Aqui tenho que dizer que o dito professor é também de Marilândia.Começo a rir quando imagino os “Lemão” descendo os três quilômetros do Cruzeiro da Pedra Alto Liberdade, de íngreme e tosca estrada que se enrosca montanha baixo. Posso até vê-los rasgando o mato no peito. Paro de rir quando imagino que algum poderia ter rachado a testa.Já acampei naquela montanha. Curtimos uma noite inteira naquela altitude, derredor ao cruzeiro, contando estrelas; ouvindo uns versos do Maiakovsk , recitados por um amigo; ouvindo violão e voz e tentando descobrir, no frescor da noite, quais eram as cidades que se viam, nos clarões, ao longe. Até o descortinar do sol, a única coisa anormal, era nos sentirmos tão bem.Conta-se que essa mulher fantasma, já fora vista, de vestido vermelho esvoaçante, por um agricultor, num cafezal, no entorno da montanha.Qual será o desta alma penada?Já ouvi por aí que almas ficam “penadas”, quando em vida cometeram erros torpes, foram cruéis e até pelo desconforto de uma grande injustiça sofrida, e assim, magoadas e desencarnadas, fazem pantominas para chamar atenção e ganhar rezas para alcançarem a luz e ter uma verdadeira passagem desta para melhor.Estou propenso a crer que fantasmas existem na medida que desaparecem os anjos. Não os anjos de asas, que nunca se vêem, mas os anjos de carne e osso, aos quais chamamos de amigos, que acreditam em nós quando todo mundo já desacreditou, que nos tocam, que estão do nosso lado e nos dão a mão, que choram por nós e não nos fazem sentir sozinhos.Bem, se a mulher do vestido vermelho esvoaçante de Marilândia foi injustiçada em vida, e não conseguiu perdoar, talvez se tivesse amigos ou escrevesse num blog, compartilharia a sua estória, e assim, um pouco aliviada, se libertaria do peso das correntes que a atam a este mundo e não mais atazanaria os “Lemão” vivos da nossa querida “town”.
Aaron Neville Ave Maria

Wednesday, September 13, 2006

Nota de setembro.


Dedicado à Lena Casas Novas

Não era eu o cara? O cara que sabia dar os pulos dos gatos, que aprendera deste há muito a estampar o sorriso certo com as minhas muitas caras e bocas? Era sim. Mas diante da presença dela e das evocações de ternura e do desejo de abraçá-la que me vinham, eu permanecera mudo, hermético, enclausurado numa miserável timidez. Houvera eu perdido ali a habilidade de buscar a expressão de boa medida, no universo mágico das tantas palavras.Assim não ficou nada dito naquela noite. A festa de São José do Operário poderia ter tido mais graça. Mas eu não disse a Dona Elza, a professora do primário, que me chamava de minha “largatixa” – eu demorei a aprender a dizer lagartixa – que lhe tinha uma generosa porção de saudade.

Praguejei as minhas efusividades estéreis: Deixar-me fotografar na bienal do livro, com a tal Bruna Surfistinha , dizer-lhe que lera com entusiasmo o seu “O doce veneno do escorpião”, era-me tão fácil como a me divertir e a irritar a bibliotecária que estava no nosso grupo, por achar tão ridículo uma mulher que tomara o marido de outra, fazer tanto sucesso com um livrinho mequetrefe. Ou quando pedi, na festa de aniversário do Shayan, que desligassem o som que eu iria dar um presente ao aniversariante, faria um violão e voz...

Mas se há agosto, há setembros. Não perdi não. Encontrei novamente a Dona Elza. Nos falamos tanto, não tanto como o terno abraço (ela tem cheiro de flor).

Que nos venham os setembros com sua primavera e seus eflúvios para o hemisfério sul. E que a gente possa ter, sempre, gente para gostar de ter saudade, para gostar de tomar uns chopes, umas bohemias. Ah, meus camaradinhas, sempre haverá setembro.

Barry White - Just The Way You Are

Wednesday, September 06, 2006

O Fabuloso Quito contra o monstro da vida ordinária.


Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo (Luis Fernando Veríssimo)



Dignei-me a narrar esse “causo”, não para atrair os holofotes da mídia fútil e hedonista ou para epigrafar meu nome na história – coisa das idiossincrasias ególatras – coisa do ranço da pequena burguesia. Mas puramente pela relevância científica e para que não se corrompam os fatos na embaçada lente da tradição oral e se retrate fantasiosamente o que realmente aconteceu. Eu posso fazer isso, eu vi, eu estava lá. Eu presenciei a verdade nua, crua, cuspida e escarrada.

Era, aquela quinta-feira, tão insossa como todos os outros dias dos últimos tempos. Havia sobrevindo um úmido calor de fazer deitar para as partes íntimas do corpo, os gotejos de suor. Era mormacenta a atmosfera na nossa pacata e belezura de cidade. Só para variar nada para se fazer. A não ser... Deixa p’ra lá, talvez uma partida de "Street fight" no bar da Lurdes. Isso havia passado na cabeça de Quito, mas uma partida de 'Street fight" neste calor não apetece nem ao mais dos adeptos. E depois, na última vez que havia jogado, não deu “carga” nem para o Théo Aranha. Para quem não sabe, o Théo é "marreco", como se diz na gíria. E isso quer dizer que o sujeito carece de habilidade para o jogo (o sujeito é horrível, mesmo!). É..., nada de interessante para se fazer! Pelo jeito é deixar hoje para amanhã. E assim foi... com seu vagar.

A noite caíra e com ela um bruto temporal mostrava a cara com relâmpagos que riscavam o céu em todo quadrante oeste, de onde desce o Rio Doce, lá pelas bandas das Minas Gerais, estado de uma garota chamada Juliana (que já lhe fizera tempestades de emoções, numa tórrida temporada de férias de verão, no balneário de Guriri). ... Aquela noite fora a que mais chovera desde que me entendo por gente. Até os sapos, se alcançassem a crença dos homens, rezariam p’ra chuva dar um tempo!

O dia amanhecera em feições de luz perfeita. Chegava a ter que se franzir testa para fixar uma olhada. Dia com compasso de pescaria. Há tempos, num desses ociosos papos de bar, ele havia combinado uma pescaria com uns camaradas. Mas eram tratantes, tipos que só balangavam beiços. Agora já decidira: Iria sozinho. Seria na Lagoa do Zé Branco, que fica bem perto do bairro Maria das Graças. O Tairone, um sujeito que dava uns contornos extravagantes à vida com uma imaginação fantasiosa, dissera demais de vezes que naquela lagoa vivia uma monstruosa criatura, como aquela das gélidas águas do Lago Ness, na distante Escócia. Mas quem poderia dar crédito aos ditos do Tairone? Ademais, da Escócia lhe apetecia lembrar do eletrizante Sean Connery, em Indiana Jones, do Ewan MacGregor em “Por uma vida menos ordinária” – um filme deliciosamente poético e carregado de crítica às relações humanas. Ah, ele não poderia deixar fora das lembranças evocados por aquele país onde tem macho que usa saia, de Ivanhoé, a estupenda obra de Sir Walter Scott. Contrariamente ao que se poderia pensar de uma criatura que perdia tempo com games , ele apreciava sobremodo uma literatura, não da literatura de gosto duvidoso que é para indivíduos de sentidos obliterados pela mídia ruidosa e fácil. Pois Ivanhoé, uma obra que não narra ações estúpidas e gratuitas, fizera-lhe viajar pelas florestas da Inglaterra medieval do Rei Alberon, a sentir imaginariamente o perfume dos carvalhos. Lembrou-se também de que na Escócia faziam uns uísques... Mas basta de divagações, assim de cara limpa não dava para lembrar sem constrangimentos dos stripteases que os scotts lhe inpiravam. Bastava de divagações. À merda a maravilhosa Escócia, à merda o Tairone. Já começava a ficar nervoso, tinha que pescar.

Os juncos em torno da lagoa reverberava ao sol um gracioso verde que parecia ter uma vida própria. Havia um silêncio de voz humana até onde a melhor audição de gente de carne e osso pudesse ouvir. Sentado numa pedra à margem da lagoa, com uma vara na mão, pescava com o silêncio. Quito conseguia ouvir as batidas do seu grande e suscetível coração. Ultimamente ele estava assim: "sensível e manso". Esse jeito manso lhe acometera desde o dia em que, em companhia do Frangão, numa dessas viagens de entregas de uns "produtos" que não sei bem dizer, possivelmente pó de café – para as cidades do interior, e fazia uma insistente chuva miúda a mistura a um sol empalidecido, de forma que um arco-íris estampou-se bem para cá do horizonte, logo ali à frente, na rodovia, formando uma semicircunferência. Eles passaram com o carro sob aquela profusão de cores. O Frangão até relutou um pouco em transpor, mas o Quito não teve um pingo de paciência para esperar dissipar o multicolorido fenômeno atmosférico (quem conhece o Quito entende bem o que digo, ele achava aquilo uma inútil e inócua superstição – coisa de bestão). Foi dali em diante que começou a sentir um frisson por dentro e adquirira um certo sexto sentido. Sexto sentido que antes achava ser coisa de moçoilas e da turma da “parada”. E a despeito da total paz daquele lacustre mundo que o circundava, sentia que algo diferente estava por acontecer ali. Já não tinha dúvida disso. As pupilas, em seus castanhos olhos, dilataram-se.

Para se acalmar tentou recordar-se da última vez que havia pescado. Lembrava claramente: fisgou um morobá de oito quilos e um pequeno caborreleque, do qual até então não se tinha registro da espécie nos compêndios da biologia e tampouco fazia parte das estórias de pescadores. A sua avó (que Deus a tenha!), havia falado que os raros e famigerados caborreleques, depois que aprendiam a escalar as pedras da beira das águas, cresciam muito e até chegavam a gigantes, causando transtornos, pois devoravam todo roçado de milho, feijão ou o jiló marginal. Aliás, jiló parecia o preferido deles, não sobrava nem os talos. Tolices da avó eram perfeitamente perdoáveis. Mesmo com conversas pra boi dormir sobre peixe que anda e come jilós, a velha era para ele um doce.

Mas bom mesmo era pensar nas mulheres que havia amado. Era a única coisa que o agradava e não exigia esforço mnemônico, ainda mais pitando um cigarrinho. É claro que devo dizer que estamos falando daquelas dos últimos dois anos. Porque lembranças do Ritão, além de exigir da memória, seria um exercício penoso e de gosto duvidoso. Mas ele pensou na bendita. (Caro leitor, você deveria conhecer o Quito para melhor compreender). (...)

Enquanto pensava nessas coisas, abruptamente o débil silêncio fora quebrado por intrigantes espocares de borbulhas na lagoa. As borbulhas faziam um rastro na superfície da água para a direção onde o nosso fabuloso e estimado amigo pescava. Para sua surpresa e horror, uma grande e sinistra criatura de aspecto aquático, de pele acinzentada e com barbatanas, irrompeu das águas soltando finos grunhidos, vindo em direção à mochila, onde estava guardado o lanche que levara, que consistia em um hambúrguer, leite e um litro de campári (o Quito sempre teve o estranho hábito de tomar leite misturado ao campári). “Vixe, mangalô três vezes!” – Grita o nosso herói, num misto de estupefação e horror – Sai pra lá "demonho" – continua ele no desespero. O peixe-monstro, sem se importar com a reação do atordoado humano ou a qualquer outra coisa, retira da bolsa sem qualquer obstáculo, o litro de campári, provocando uma súbita e impetuosa mudança do terror para raiva e brabeza. Uma cólera de deixar até o branco do seus olhos avermelhados, como eram os ancestrais pré-históricos dos homens, como atestam os evolucionistas. – Filho duma Elza! Se você quiser comer o hambúrguer que seja, vai fundo, mas o campári não! "Ce" acha que ‘tá podendo?– Esbravejou. Notando que a criatura lhe ignorava, não “dava idéia", nem um biquinho fez ao menos, Quito entra de soco, mas antes que uma direita entrasse no ventre do animal, para atingir ao menos um rim, se é que aquela unidade biológica tivesse algum, um golpe de agilidade supersônica atinge-lhe o pescoço, bem perto da orelha, é o que comumente chamamos de “moca”. Estatelado no chão lamacento, mas com um pouco de dignidade, ele se levanta atônito e ainda tenta uma reação, no entanto, antes de erguer os punhos cerrados, toma uma baita bifa. “Se eu pudesse pegar um poder” – pensa ele em meio ao desespero e à lama – Mas aquilo era pura e dura realidade e não uma partida de “streat figth”. Nisso o bicho da água bebia em grandes goles o campári, como quem tem sede de muito. Depois de algumas tragadas a "coisa" deixou escapulir das rudes mãos palmípedes o objeto da contenda. Foi aí que Quito, numa agilidade sobre-humana pegou o litro e com o mesmo atingiu um golpe na altura do provável rim do parrudo oponente, que tombou feito madeira verde – Você perdeu, playboy! Você perdeu! Foram as suas palavras de vitória.

Enquanto olhava para aquele capeta ofegante, ali no chão, passa correndo numa trilha, a poucos metros, um sujeito baixinho de nariz saliente, usando um chapéu australiano camuflado militar – Ei, Fonsinho, venha cá ver que desgraça é essa! – Grita o Quito - Baco, paco, baco, Quito, seu burro "véio", que peixe gigante e esquisito que você pegou! Acho que só o sargento Gérson pegaria um igual! Porque o Sargento Gérson uma vez..., outra vez... Isso é um celacanto, Quito, um peixe que julgavam ter sido extinto e que a espécie tem trezentos e sessenta milhões de anos. Eu sei porque passou no “Jornal Nacional” dia desses. Qualquer dúvida pode perguntar ao sargento Gérson. Agora você pode ser chamado também de o pescador da "moda". Mas já vou, pois estou em treinamento militar e quero ser mais forte que mil quatis, como é o sargento Gérson, você vai ver só! Enquanto Fonsin sai em seu desiderato, Quito vira-se para olhar a criatura e vê somente o rastro de retorno às águas e borbulhas ao longe nas águas da lagoa. “Vou embora já e só volto aqui algum dia, se trouxer o arpão irado do pai do Rodrigo Porção. Vai que eu encontre novamente esse caborreleque gigante e tenha que acabar com a raça dele” – pensou ele com a casa dos seus botões, pois os botões mesmo haviam se perdido na batalha.

Chegando em casa, depois de um bom banho com o seu preferido sabonete de Erva-Doce Espumante (um gosto manifesto após o arco-íris) não quis ver o que talvez fosse o milésimo filme que havia locado neste ano de nosso Senhor Jesus Cristo, pois certame veria cenas em que alguém teria uma arma à mão. Preferiu ir à casa do Rosebol comer um angu incrementado, como o que é servido no Beliska, acompanhado da turma do bloco Kbeça Ativa. Mas para sua surpresa o prato do dia era moqueca capixaba. Pôxa vida – disse ele aos suspiros – há dias em que é difícil viver!

Foi para casa, e no seu quarto acendeu um incenso de carvalho, e rendendo-se à sétima arte, resolveu rever “Por uma vida menos ordinária”.





http://www.flickr.com/photos/automatt/27465387/

http://www.flickr.com/photos/liveinreality/178998739/

http://www.flickr.com/photos/citizenrob/64244846/



Tuesday, September 05, 2006

O mundo Fantástico do Kaska.

A verdade é a melhor camuflagem. Ninguém acredita nela. (Max Frisch)
Era o final do mês de maio. Naqueles dias, confesso, estava extenuado. A semana toda tendo que ver a cara deslavada do Paulão Morcegão, ou Borboleta, como alguns o chamam ou queiram. Sem falar na insalubridade que é tolerar o Levi e o seu derrame verbal, fazendo tentativas para dar valor e forma a idéias que só ficam bem na imaginação de quem acredita em gnomos, saci-pererês, mulas-sem-cabeça e que um time carioca vá ganhar o brasileirão deste ano.Para quem se submete a dias de cão, uma sexta-feira e à tarde é prenúncio de absolvição. E o sábado é dia de, inevitavelmente, ir para o "Fight".Saindo da casa lotérica, ao cumprir a única obrigação das manhãs de sábado: Uma fezinha na mega acumulada, o celular tocou. Minha nossa, é o Tim Capota, conhecido de antigos carnavais – Godão, vamos pro Kaska – Kaska ? “ respondo eu” – É Godão, aquele lugarzinho onde as pessoas se alegram, mesmo que não seja verão. Godão, já mandei fazer uma ave galinácea no grau, ‘tá alinhadinha! Fala aqui com Simonassi – Alô Godão! – Fala cabelo-de- Lobo! – Vamos pro Kaska, o Dudu Leão e o Mestre também irão, vê se não bate fofo – Pô cabelo-de-lobo, quando foi que bati fofo?Resolvi levar o Diligero comigo, o bacana estava gracioso e cheio de energia e já se parecia com o dono: jeitão brabo de ser, nos seus três meses de vida. Ia babando o vidro do carro e latia quando via uma fêmea interessante. O Diligero é o meu Pit Bull Terrier. Ganhei o bicho do meu amigo Maurício Manieri, quando passou por Colatina para fazer um show em Barra de São Francisco. O Manieri dizia que o Pit bull era a minha cara e resolveu trazer o filhote de São Paulo para me agradar. Aceitei o presente de bom grado, afinal o Bizonga têm um Poodle, O Kito Barbieri tem um Chiuaua, o Kiko Casoti um cachorro que morde ele, o Delmo Guidoni tem um porquinho-da-índia e o Gilberto Gil tem um ursinho de pelúcia. Então posso ter um Pit bull.Ria feito só a ele mesmo, o Dudu Leão, só porque descobriu que o Mestre tem medo de minhocas e que nunca vai a pesque-pague para pescar, só para ver garotas. O Dudu Leão é sempre assim, muito alto-astral e cara de pau e sonhou em ter a Marciele, a Marcilene, a Marilene em seus braços na noite da Jufest do CEFETES.O mestre há muito não o via. Não havia mudado nada. Apesar dos oitenta anos, mantinha um corpinho de cinqüentão. Dizem que o seu segredo de longevidade estava no uso da geléia real. Um alimento natural que as abelhas jovens secretam para alimentar a rainha, e que é um notável regenerador das funções vitais.O valor que eu dava ao mestre estava no seu destemor (com exceção às minhocas). Lembro-me bem do dia em que um desgarrado enxame de abelhas africanas fez os moradores de Maria das Graças ficarem apavorados, inclusive a cadela da minha vizinha não resistiu às picadas letais. O mestre fora convocado para dar cabo àquele pandemônio. Precisam ver aquele ser longevo, embrenhado na copa de um Fícus, completamente tomado pelo abelhal. Eu dizia – Mestrinho, cuidado com o ferrão. – Ele respondia: – Ferrão que é bom Gordão! Ferrão que é bom Gordão! – E eu retrucava solenemente – ‘Tô’ fora mestre!!Ele capturou a rainha, salvou a população do mal e foi aplaudidíssimo, inclusive pelo corpo de bombeiros que assistira a tudo bestializado.Pois ele estava lá no Kaska, e entre nós, de cabelinho espetado, e aquele riso que lhe conferia um ar de indecente. Estendeu-me a mão com leveza, cabendo a mim apertá-la, num gesto que nada lembra um herói. A última imagem que tinha dele, foi a de uma fotografia digitalizada, que o "Rei Val Bonna" mandou-me pela Internet: Sem camisa, com “pneuzinhos” salientes na cintura e um olhar perdido num copo que levava a crer que fosse cerveja, lá no apartamento de Itapuã. Pois é Gordão – Falou o mestre – Cadê o Gripa e o Dag ? - Ah, Mestre – respondi – Estão estudando na capital. – E o Suela? – continuou ele. Respondi: O Suela está em Viçosa para ser Doutor, e continua com aquela vida de promiscuidade que lhe é peculiar. – Pois é Gordão, temos que por em prática aquele meu plano de trancarmos o Dag e o Gripa numa casa, com umas garotas da pesada, que gostam de explorar todas as possibilidades do prazer físico – Stop, mestre! – interrompi-o – Não quero por a vida de ninguém em risco de morte!!!O nosso diálogo foi interrompido pelo Kaska. – Olha, tenho uma bebida aqui no meu “Não-pesque-pague” que é sucesso de crítica e de público, já recebi turista até de Brasília para experimentar. É feita da raiz de uma planta chamada salutra. Planta que só há naquela mata, além daquele cafezal conillon. – Lá onde a gente vê umas imbaúbas? – atalhou o cabelo-de-lobo Simonassi. – É sim, conferiu o Kaska. Continuando a prosa, o Kaska disse que a planta tinha o poder de abrasar o homem. Não entendi o que ele queria dizer, mas notei que despertou o interesse do Mestre. E continuou a enumerar as propriedades terapêuticas da planta, mas nem escutei mais, pois minha atenção fora subtraída por algo que brilhava longínquo, num céu completamente azul, que me pareceu uma pipa de alguma criança.– Olha aqui Godão – Falou o Dudu Leão – tirando-me das abstrações. – Você quertomar a salutra? – Uma dose só Dudu – Disse eu – “Se você vai beber, acho que também estou afim!”. Nisto o mestre interrompe dizendo para o Kaska lhe reservar uma garrafa. Afinal aquilo era um abrasador!A salutra nos foi servida em uma cuia feita do coco e tinha um aspecto de musgo batido em liquidificador. O Kaska disse que era servido numa cuia, para dar um ar assim tosco e natural, harmonizando assim com o ambiente local. Imaginei: Esse Kaska só pode gostar de um machinho! Isso é coisa de gente fresca. Numa coisa o kaska tinha razão de dizer: o ambiente era realmente tosco. Uma tosqueira só.No segundo gole senti um amargor que as minhas papilas jamais tinham sentido. Nem boldo, nem carqueja, tampouco losna amargam igual. Notei que algo estava errado quando Cabelo-de-Lobo esbugalhava os olhos e soltava uma espécie de uivo que até assustou o Diligero que se divertia querendo pegar as galinhas que ciscavam ao largo do gramado. A estranheza continuou quando ele me inquiriu:– Godão, se eu pegar uma "basôra" você barre o “guspe” do Kapota?– Craro, só se for pra ônti! ‘Ce sábi que meu nômi é trabaio!– Falô, seo trabaio, te conheço desde quando no lugar onde foi construída a FASCEX* tinha um zoológico. O CREB, lembra?– Pois é né !? As coisas não mudam tanto assim!Sempre gostei de um rico vocabulário. Mas notei que aquela bebida tinha nos reportado à cultura de nossos ancestrais, que vieram dos confins para este sul de mundo, devorar, poluir e barbarizar. Conversa semelhante só tinha ouvido do Lemãozinho Daniel, que inclusive ficou chateadíssimo certo dia, porque joguei um dicionário no peito dele. Mas tinha que fazer isso, já não tinha mais paciência de ouvir frases tipo uma em que ele falava que o tio dele era "histérico"– não podia ter filhos. Aí, eu é que fiquei histérico e atirei um Aurélio de cinco quilos p’ra cima dele. Mas o papo do Cabelo-de-Lobo era apenas curtição "nonsense".O astral foi ficando "grease". Dei uma “esticada” no banheiro. Pelo espelho enxerguei meus olhos em brasas. Estavam abrasados. Aí entendi o que o Kaska queria dizer com abrasar. Não adiantava tapar o sol com a peneira, era hora de dar tchau!– Bem gente – fui avisando – tenho que ir, já me abrasei o bastante!– Nós vamos também, Godão – falou o Kapota.Estranhíssimo que num piscar de olhos todos sumiram. Pensei que estava sob um surto psicótico. Entrei no possante "Corcel das vastas emoções", tendo o zelo de bem acomodar o Diligero. Se tudo corresse bem, em dez minutos estaria no Córrego do Ouro. Mas num aclive da estrada de chão batido, o veículo foi abruptamente suspenso por uma força avassaladora. Num esforço de visão vi o que parecia ser uma grande nave, como aquela do filme Arquivo X. O que me deixou passado foi ver um anúncio bem luminoso na concavidade inferior do OVNI que dizia: " CEFET - ES, a sua escolha para o futuro."Fiquei bestializado, pela razão de conhecer esta Escola de cursos técnicos, e realmente achar muito boa...À medida que ia sendo drenado para dentro da nave, ia perdendo a consciência...Recuperei a consciência, sentindo uma mão fria na região pubiana e com o carro fazendo um giro de trezentos e sessenta graus na pista arenosa. Com muita dificuldade consegui controlar a giratória, direcionando o carro para uma moita de capim colonião. Olhei para o lado e notei que meu cachorro Diligero havia desaparecido e no seu lugar estava o Lemão Luxinger, sem voz, sem cor e também sem vergonha na cara!Soube, mais tarde, que Kapota, Cabelo-de-Lobo Simonassi, Mestre e Dudu Leão foram raptados por uma força igualmente sobrenatural, e como se num fenômeno relativístico de teletransporte, num paralelo entre matéria e energia, espaço-tempo, foram deixados no Bar Eucaliptos, na BR que liga Colatina a Baixo Guandu.Não relatamos esses fatos até agora porque as pessoas têm uma tendência natural em descrer na verdade. Certamente seríamos motivos de troças de toda comunidade.Por alguns dias posteriores, cheguei a cogitar que a salutra tivesse motivado um desarranjo mental coletivo, causando esses fatos somente na nossa imaginação. Mas, e o Diligero? E porque aquele Lemãozinho estava no meu carro? Pois os extraterrestres transformaram o meu estimado Diligero no Luxinger, causando-me prejuízo. Diligero não fumava, não bebia alcoólicos e não tinha a língua "plesa ".

Friday, September 01, 2006

O fantástico mundo do Kaska.

A verdade é a melhor camuflagem. Ninguém acredita nela. (Max Frisch)

Era o final do mês de maio. Naqueles dias, confesso, estava extenuado. A semana toda tendo que ver a cara deslavada do Paulão Morcegão, ou Borboleta, como alguns o chamam ou queiram. Sem falar na insalubridade que é tolerar o Levi e o seu derrame verbal, fazendo tentativas para dar valor e forma a idéias que só ficam bem na imaginação de quem acredita em gnomos, saci-pererês, mulas-sem-cabeça e que um time carioca vá ganhar o brasileirão deste ano.
Para quem se submete a dias de cão, uma sexta-feira e à tarde é prenúncio de absolvição. E o sábado é dia de, inevitavelmente, ir para o "Fight".
Saindo da casa lotérica, ao cumprir a única obrigação das manhãs de sábado: Uma fezinha na mega acumulada, o celular tocou. Minha nossa, é o Tim Capota, conhecido de antigos carnavais – Godão, vamos pro Kaska – Kaska ? “ respondo eu” – É Godão, aquele lugarzinho onde as pessoas se alegram, mesmo que não seja verão. Godão, já mandei fazer uma ave galinácea no grau, ‘tá alinhadinha! Fala aqui com Simonassi – Alô Godão! – Fala cabelo-de- Lobo! – Vamos pro Kaska, o Dudu Leão e o Mestre também irão, vê se não bate fofo – Pô cabelo-de-lobo, quando foi que bati fofo?
Resolvi levar o Diligero comigo, o bacana estava gracioso e cheio de energia e já se parecia com o dono: jeitão brabo de ser, nos seus três meses de vida. Ia babando o vidro do carro e latia quando via uma fêmea interessante. O Diligero é o meu Pit Bull Terrier. Ganhei o bicho do meu amigo Maurício Manieri, quando passou por Colatina para fazer um show em Barra de São Francisco. O Manieri dizia que o Pit bull era a minha cara e resolveu trazer o filhote de São Paulo para me agradar. Aceitei o presente de bom grado, afinal o Bizonga têm um Poodle, O Kito Barbieri tem um Chiuaua, o Kiko Casoti um cachorro que morde ele, o Delmo Guidoni tem um porquinho-da-índia e o Gilberto Gil tem um ursinho de pelúcia. Então posso ter um Pit bull.
Ria feito só a ele mesmo, o Dudu Leão, só porque descobriu que o Mestre tem medo de minhocas e que nunca vai a pesque-pague para pescar, só para ver garotas. O Dudu Leão é sempre assim, muito alto-astral e cara de pau e sonhou em ter a Marciele, a Marcilene, a Marilene em seus braços na noite da Jufest do CEFETES.
O mestre há muito não o via. Não havia mudado nada. Apesar dos oitenta anos, mantinha um corpinho de cinqüentão. Dizem que o seu segredo de longevidade estava no uso da geléia real. Um alimento natural que as abelhas jovens secretam para alimentar a rainha, e que é um notável regenerador das funções vitais.
O valor que eu dava ao mestre estava no seu destemor (com exceção às minhocas). Lembro-me bem do dia em que um desgarrado enxame de abelhas africanas fez os moradores de Maria das Graças ficarem apavorados, inclusive a cadela da minha vizinha não resistiu às picadas letais. O mestre fora convocado para dar cabo àquele pandemônio. Precisam ver aquele ser longevo, embrenhado na copa de um Fícus, completamente tomado pelo abelhal. Eu dizia – Mestrinho, cuidado com o ferrão. – Ele respondia: – Ferrão que é bom Gordão! Ferrão que é bom Gordão! – E eu retrucava solenemente – ‘Tô’ fora mestre!!
Ele capturou a rainha, salvou a população do mal e foi aplaudidíssimo, inclusive pelo corpo de bombeiros que assistira a tudo bestializado.
Pois ele estava lá no Kaska, e entre nós, de cabelinho espetado, e aquele riso que lhe conferia um ar de indecente. Estendeu-me a mão com leveza, cabendo a mim apertá-la, num gesto que nada lembra um herói. A última imagem que tinha dele, foi a de uma fotografia digitalizada, que o "Rei Val Bonna" mandou-me pela Internet: Sem camisa, com “pneuzinhos” salientes na cintura e um olhar perdido num copo que levava a crer que fosse cerveja, lá no apartamento de Itapuã. Pois é Gordão – Falou o mestre – Cadê o Gripa e o Dag ? - Ah, Mestre – respondi – Estão estudando na capital. – E o Suela? – continuou ele. Respondi: O Suela está em Viçosa para ser Doutor, e continua com aquela vida de promiscuidade que lhe é peculiar. – Pois é Gordão, temos que por em prática aquele meu plano de trancarmos o Dag e o Gripa numa casa, com umas garotas da pesada, que gostam de explorar todas as possibilidades do prazer físico – Stop, mestre! – interrompi-o – Não quero por a vida de ninguém em risco de morte!!!
O nosso diálogo foi interrompido pelo Kaska. – Olha, tenho uma bebida aqui no meu “Não-pesque-pague” que é sucesso de crítica e de público, já recebi turista até de Brasília para experimentar. É feita da raiz de uma planta chamada salutra. Planta que só há naquela mata, além daquele cafezal conillon. – Lá onde a gente vê umas imbaúbas? – atalhou o cabelo-de-lobo Simonassi. – É sim, conferiu o Kaska. Continuando a prosa, o Kaska disse que a planta tinha o poder de abrasar o homem. Não entendi o que ele queria dizer, mas notei que despertou o interesse do Mestre. E continuou a enumerar as propriedades terapêuticas da planta, mas nem escutei mais, pois minha atenção fora subtraída por algo que brilhava longínquo, num céu completamente azul, que me pareceu uma pipa de alguma criança.
– Olha aqui Godão – Falou o Dudu Leão – tirando-me das abstrações. – Você quertomar a salutra? – Uma dose só Dudu – Disse eu – “Se você vai beber, acho que também estou afim!”. Nisto o mestre interrompe dizendo para o Kaska lhe reservar uma garrafa. Afinal aquilo era um abrasador!
A salutra nos foi servida em uma cuia feita do coco e tinha um aspecto de musgo batido em liquidificador. O Kaska disse que era servido numa cuia, para dar um ar assim tosco e natural, harmonizando assim com o ambiente local. Imaginei: Esse Kaska só pode gostar de um machinho! Isso é coisa de gente fresca. Numa coisa o kaska tinha razão de dizer: o ambiente era realmente tosco. Uma tosqueira só.
No segundo gole senti um amargor que as minhas papilas jamais tinham sentido. Nem boldo, nem carqueja, tampouco losna amargam igual. Notei que algo estava errado quando Cabelo-de-Lobo esbugalhava os olhos e soltava uma espécie de uivo que até assustou o Diligero que se divertia querendo pegar as galinhas que ciscavam ao largo do gramado. A estranheza continuou quando ele me inquiriu:– Godão, se eu pegar uma "basôra" você barre o “guspe” do Kapota?– Craro, só se for pra ônti! ‘Ce sábi que meu nômi é trabaio!– Falô, seo trabaio, te conheço desde quando no lugar onde foi construída a FASCEX* tinha um zoológico. O CREB, lembra?– Pois é né !? As coisas não mudam tanto assim!
Sempre gostei de um rico vocabulário. Mas notei que aquela bebida tinha nos reportado à cultura de nossos ancestrais, que vieram dos confins para este sul de mundo, devorar, poluir e barbarizar. Conversa semelhante só tinha ouvido do Lemãozinho Daniel, que inclusive ficou chateadíssimo certo dia, porque joguei um dicionário no peito dele. Mas tinha que fazer isso, já não tinha mais paciência de ouvir frases tipo uma em que ele falava que o tio dele era "histérico"– não podia ter filhos. Aí, eu é que fiquei histérico e atirei um Aurélio de cinco quilos p’ra cima dele. Mas o papo do Cabelo-de-Lobo era apenas curtição "nonsense".
O astral foi ficando "grease". Dei uma “esticada” no banheiro. Pelo espelho enxerguei meus olhos em brasas. Estavam abrasados. Aí entendi o que o Kaska queria dizer com abrasar. Não adiantava tapar o sol com a peneira, era hora de dar tchau!– Bem gente – fui avisando – tenho que ir, já me abrasei o bastante!– Nós vamos também, Godão – falou o Kapota.
Estranhíssimo que num piscar de olhos todos sumiram. Pensei que estava sob um surto psicótico. Entrei no possante "Corcel das vastas emoções", tendo o zelo de bem acomodar o Diligero. Se tudo corresse bem, em dez minutos estaria no Córrego do Ouro. Mas num aclive da estrada de chão batido, o veículo foi abruptamente suspenso por uma força avassaladora. Num esforço de visão vi o que parecia ser uma grande nave, como aquela do filme Arquivo X. O que me deixou passado foi ver um anúncio bem luminoso na concavidade inferior do OVNI que dizia: " CEFET - ES, a sua escolha para o futuro."Fiquei bestializado, pela razão de conhecer esta Escola de cursos técnicos, e realmente achar muito boa...
À medida que ia sendo drenado para dentro da nave, ia perdendo a consciência...
Recuperei a consciência, sentindo uma mão fria na região pubiana e com o carro fazendo um giro de trezentos e sessenta graus na pista arenosa. Com muita dificuldade consegui controlar a giratória, direcionando o carro para uma moita de capim colonião. Olhei para o lado e notei que meu cachorro Diligero havia desaparecido e no seu lugar estava o Lemão Luxinger, sem voz, sem cor e também sem vergonha na cara!
Soube, mais tarde, que Kapota, Cabelo-de-Lobo Simonassi, Mestre e Dudu Leão foram raptados por uma força igualmente sobrenatural, e como se num fenômeno relativístico de teletransporte, num paralelo entre matéria e energia, espaço-tempo, foram deixados no Bar Eucaliptos, na BR que liga Colatina a Baixo Guandu.
Não relatamos esses fatos até agora porque as pessoas têm uma tendência natural em descrer na verdade. Certamente seríamos motivos de troças de toda comunidade.
Por alguns dias posteriores, cheguei a cogitar que a salutra tivesse motivado um desarranjo mental coletivo, causando esses fatos somente na nossa imaginação. Mas, e o Diligero? E porque aquele Lemãozinho estava no meu carro? Pois os extraterrestres transformaram o meu estimado Diligero no Luxinger, causando-me prejuízo. Diligero não fumava, não bebia alcoólicos e não tinha a língua "plesa ".
Coldplay - Talk

Wednesday, August 30, 2006

Buchada à Francesa


Sou honesto, mas não sou fanático."(Seu Madruga)
Era o aniversário do Cabelo-de-Lobo. Então ele me puchou pelo braço, tirando-me do meio daquele povaréu todo. Apesar da evidente embriaguez, parecia-me a mim, ele estar triste. “Godao, preciso revelar-lhe um segredo”. Olhei pra ele e disse pra ver bem o que iria falar. Vá que eu concorde. “Deixa de ser besta Godão. É um segredo que além de mim só o Capota sabe. E é pra você não comer da buchada do carneiro. Você não sabe como o bicho chorou lá em cima da camionete. Chorou os sessenta quilômetros de viagem e aqui antes de morrer chorou muito mais, parece que adivinhava que iam dar cabo dele”. Disse para o De Lobo que poderia ser impressão dele, o bicho bale, era isso, ele balia e não chorava. “Chorava sim, e não era pouco não. Isso tudo por um capricho do Marcélio: comer buchada no meu aniversário. Ora bolas, buchada! Tem até picanha na churrasqueira. Porque o bichinho teve que morrer?” Mas De Lobo – eu disse – que mal há em comer? Agora o bicho já morreu mesmo! E o Marcélio disse ali, para aquela turminha, que até o Fernando Henrique já comeu buchada e que lá na França é um “must”. De súbito, De Lobo espalmou a mão no meu tórax, como se a me conter – “ Na França o caralho”. Eu e o Capota misturamos a urina da bexiga do carneiro ao tempero do Marcélio. Não preciso falar à minha família, pois já não comeriam buchada nem mesmo lá na França.”Ah, se é assim! (...)O Marcélio, liturgicamente, movia os talheres e degustava prazerosamente a buchada, dando vazão a seu appétit . Eu, Cabelo – de – Lobo e Capota, erguíamos nossas tulipas de Chopes para um Tim-tim, porque beber sem brindar, sabe no que dá? Ríamos a todo. Disse então a De Lobo, como digo a meus grandes amigos em aniversário: Feliz aniversário. Que você tenha uma vida longa, mas cheia de felicidades!

Estória de Batata, bichos e quase amores.

Estória de Batata, bichos e quase amores.

Temere l'amore è temere la vita.- Bertrand Russel

Era a primeira noite de Colatina que partilharia a minha lépida presença com o Kikasoti, depois da adoção do gato preto. Aquele bicho, parecia-me que lhe fizera muito bem. Estava bem disposto, com alegria como a dos filhotes. Ouvi num programa de cultura inútil, na tevê, que os animais domésticos assumem um pouco da personalidade do dono. Por um tempo até acreditei nisso, porque o Pretinho, o poodle do Bizonga, fazia umas esquisitices que eram típicas do dono. Mas no caso do Kikasoti foi o contrário. Ele havia se transformado num bichano vivaz e sequioso por mimos. Talvez, e bem por isso que, quando notamos que olhares dengosos nos procuravam, partimos logo para o “fight”, e tomamos nos braços aquelas ninfas que nos alegrariam as horas seguintes, que de certo não se perderão na noite do meu esquecimento. Cada par, a seu modo, e é bom que se diga, aqueceu aquela rara noite de um pouco frio do outono Colatinense...
Sei muito bem que a causa de não me incomodar aquele feixe de luz de sol que vazava a mal fechada cortina da janela do meu quarto, naquela quase final de manhã do primeiro de maio, fora ter conservado, no íntimo, os afagos daquelas horas noturnas. Nem mesmo a longínqüa lembrança do “conhaque lemon” guardado ainda nas minhas papilas gustativas e a bem próxima barulheira, que logo decifrei ser uma manifestação de trabalhadores que reivindicavam os salários não recebidos, da massa falida de uma fábrica, me aborreciam – "dinheiro que esperamos há dez anos, como se pudéssemos viver duzentos ou se a fome pudesse esperar!" Bradava pelo sistema de som, uma voz que conhecia de longos tempos. Era a Batatinha. Então a manifestação era liderada pela intrépida e doce sindicalista Batatinha !? Meu pai, o Tião, disse depois, que quando o carro de som passou em frente à mercearia Avenida, num lance de abusada, ela esbravejou, dizendo que era por isso que trabalhador não tem valor, onde já se viu aquele comércio aberto num dia que o trabalhador deveria estar em casa descansando com a família? – Acho que ela não sabia que naquele comércio só trabalham gente da própria família. Ainda que ela dissesse tantas outras tolices, em nada desvaneceria a curiosa admiração que sempre nutri por ela. Não, ela não é qualquer, não que seja transgênica. Ela tem história, ou melhor, fez história!Voltando no tempo em que a molecada se esbaldava em brincadeiras pelas poeirentas ruas e de casas que não eram cercadas por muros, quando muito por cercas de ripas, no tosco bairro Maria das Graças, lá estaria a nossa futura sindicalista, numa árdua tarefa de ensinar os caminhos do “Senhor” a um bando de descarados, recém adolescentes.
Foi naquela ocasião que para os meninos, o catecismo não passava de um castigo, por roubar-lhes o tempo de traquinagens. E isso tornava as aulas da professora Batata num arrasto de monotonia. Aconteceu que um dia, ela sacou da bolsa um bilhete e disse que era um bilhetinho de amor. Que algum aluno tímido, tinha colocado às escondidas, em sua bolsa aquele bilhete, quase que por desespero, num esforço para um desabafo – "Olha gente!" - disse num tom professoral – "amor não é só isso". Vou ler para vocês – E com entonação da voz para declamação de poesia de amor, entornou nos ouvidos da molecada o bilhete em forma de poema:"
Um beijo nunca deve ser dado,
Com intenção de maldade,
Como fez Judas,
Aquele traidor degraçado,
Deve ser fraterno para ser belo,
Demonstrando amizade,
Como o ósculo de Cristo nos apóstolos,
Cheio de santidade.
Mas tenho que confessar,
Porque já não cabe em mim:
Um beijo em você Batata,
Nunca seria assim,
Seria de inchar os lábios.
Com impulso selvagem,
Como a cavalada no cio faz,
No pasto do “ Seu Mário”.
Eu a quero só pra mim,
Mesmo que seja amarada.
Afinal você me suscita,
Vontade para o pecado!
Depois de um suspiro, ao terminar a declamação, Batata disse que precisava conhecer o autor daquele anônimo bilhete, pois assim, poderia orientá-lo melhor, porque aquilo não era amor, era desejo libidinoso.Cogitou-se que porcaria nenhuma que algum aluno teria escrito aquilo, e que era uma jogada de marketing da Batata, para animar as aulas. Que aquilo era para que a moçada se atinasse a descobrir quem era o autor, cheio de paixão e desejo, e assim aumentar a minguada freqüência do catecismo. Mas era corrente minoritária que apostava no ardil da Batata. A maioria mesmo creditava ao Kito Barbieri a autoria, porque levados pelo senso comum, sabedores da irreverência do menino e das suas curtas e fulminantes paixões, e sendo ele bom no vocabulário, sabia de muitas palavras diferentes das que eles usavam nos chingamentos, pois ele lia tudo dos super-heróis Marvel. E também, a professora era “muito legalzinha com ele”, e na páscoa o único que a presenteou com um ovo de chocolate, fora ele. Mas eu sei de muitas coisas do Kito. Até umas que não gostaria de saber. Alguém que quase concluiu um “ strepetease” na boate Apocalipse, e não concluiu o intento porque os “ hômi” o botaram para fora em tempo, alguém que já foi o "Rei dos bundalelês" – até dizem que metade da população de Marilândia já conhece aquela bunda branca. Alguém assim não hesitaria de bradar pública e pirotecnamente que queria a Batatinha só para si. Vale lembrar da vez que ele se enterneceu pela Nades. Muito bêbado, falou na cara dela que “a amava mais do que a ele mesmo”. Confesso que aquela cena me fez achar que viver podia ser uma coisa muito divertida. Em casa ele ainda disse pra mãe que havia encontrado a mulher da sua vida, e que por cima ela era virgem – "Cruz credo, Kito" – disse Dona Alice – "só se for por cima mesmo, pois a Nades já tem uma filha mocinha. Vê se cria juízo, meu filho!" – Admoestou a mãe do nosso querido Latino.
De fato a filha da Nades já estava mocinha e até foi colega do Delmo num curso de modelo. Mediante observações, comecei a desconfiar da massada. E acho que só eu matei a charada. Há matos que parecem não ter coelho, mas pode sair uma lebre lá de dentro de vez em quando.
Havia entre aquelas pestes imberbes, um que se destoava dos outros. Calangão Possa, assim era chamado aquele que sempre deixava uma fruta na mesa da professora. Dizem até que desfalcou a comida do trinca–ferro, passarinho muito querido do seu pai, Durval Possa, quando subtraiu um belo mamão papaia para agradar a Batatinha, que tinha uma especial predileção por essa fruta, um tanto também porque era muito ressecada. E só ele usaria a palavra ósculo naquele bilhete. E ele era brilhante. Numa festa junina do bairro, notei-o transtornado. Pouco depois já estava com Junim Galileu, que nunca freqüentou o catecismo porque dizia que já sabia rezar. Esbanjavam no quentão, era um atrás do outro (falo do quentão). Ébrios, era até difícil entender o que balbuciavam. O Junim gritava algo como “ morte aos playboys, morte aos playboys” , agora o calanção dizia que iria se vingar. – “ aquela piranha vai ver que sou dos Junca lá de Santa Rosa de Marilândia” – Foi isso que pude entender. Agora tudo se esclarecia. A Batata, nesta festa, ficou no maior beiço-a-beiço com o Nego Mumu. E isso tinha convertido em ira todo sentido afetuoso do garoto.E ele, cara de palavra, maquinou. Sabia que por pouco mais de nada poderia comprar um daqueles meninos. Chegou a falar com Nego Bom que precisava de um “ servicinho” dele. Qual foi a surpresa o refugo à tarefa. Ele argumentou que não ficava bem a ele sacanear alguém que doava toda semana leite de cabra pra sua família , mas que botava fé na “parada”, e dava força na idéia do Calango Irado, de deletar a batata. E para provar isso, indicaria um primo seu, que o Calango conhecia, alguém que faria, e faria muito bem, se “ rolasse” um agrado. Pois o Satanás, como atendia o pior elemento daquele meio, topou por uns míseros trinta rojões, colocar uma perereca viva, capturada dos esgotos a céu aberto da antiga Maria das Graças, na bolsa da professora. Seria batata. Aliás, Batata desmaiada. Nenhuma mulher agüentaria isso. Ao término do pai nosso, a Batata resolveu pegar alguma coisa da bolsa. E com pouca surpresa, viu o bicho. Pegou – a nas mãos, coisa que, com exceção do Satanás, nenhum garoto ali faria. E começou a dizer que aquela era uma criatura de Deus. E como criação do Divino merecia o respeito. E que todos mereciam respeito, porque todas as coisas passam, mas só o amor que permanece. E, continuando, disse que perdoaria quem tentou assustá-la, porque Jesus faria o mesmo e muito mais. Ela só parou com o lenga-lenga, quando metade da sala já chorava. O Calangão não chorou, mas se sentiu novamente envolvido pela ternura e resolveu amar a Batata, mesmo que ela continuasse no “bem-bom” com o Mumu. Mas que fosse só ele. Se aparecesse um terceiro, o que iria para bolsa se chamava cascavel, com um veneno cruel, que nem daria tempo pra ela “balangar” beiço.
Parece até ficção isso tudo que contei. principalmente pela perspicácia e frieza da Batata, que é mulher, diante daquela perereca. Porque eu mesmo já vi com estes olhos que a terra não irá comer tão cedo, um marmanjo que mora na rua Santa Cecília, São Silvano, que vai à missa todo domingo, quase apagar por causa de um desembestado desse bicho, que não se sabe bem de onde apareceu, e pulou sobre o colo dele. Eu que acudi, se não alguém poderia se ferir nos móveis da casa, ou subir sobre a mesa por causa do pequeno batráquio. Mas aí já é outra estória...Ouvindo

Monday, August 28, 2006

Jefferson e o Calangão.

"O grande homem é aquele que não perde o coração de criança." (Mêncio)

Meu amigo Jefferson, Jeff para os íntimos, sempre foi desses que desconfiava de tudo e de todos, até dos amigos. Se alguém lhe contasse um causo, ou um fato histórico, o que quer que fosse, sempre que lhe interessasse, ele ia confirmar nos livros ou com outras pessoas. Dizem até que uma vez ele armou uma arapuca na sala pra ver se capturava algum gnomo, desconfiado de que realmente existiam, mas só pegou um calango gigante que acabou adotando como seu animal de estimação, aliás, um belo calango que conheci por fotos.Houve um tempo em que o Jeff andava tão comprometido com as suas desconfianças,que chegou a cogitar a possibilidade de só ele existir de verdade, as outras pessoas seriam apenas fruto de sua imaginação - devo confessar que por volta dos meus onze, doze anos, cheguei a pensar nisso também – desconfiando, assim de toda a realidade que o cercava, inclusive do calango gigante. O tempo passou e o Jeff percebeu que era muito complicado convencer as outras pessoas disso e a ele mesmo e abandonou essa teoria difícil, mas tentadora.

Uma coisa que Jeff nunca atentou, foi para o tamanho do seu calango de estimação, o Jeff tinha 1.79m de altura e o Calango batia na cintura dele, impressionante. Na sua casa não havia problema de gatos, todos fugiam com medo do Calango. Mas o Calango era a paixão da sua vida, dizem até que rolava algo mais entre eles, mas isso é apenas boato. Para se ter uma idéia o Jeff nunca havia dado sequer um tapa nesse Calango. Era aí que morava o problema. O Tropidurus torquatus era muito folgado e bem inteligente.

Tudo ia bem entre os dois até o dia em que o Jeff foi trabalhar e esqueceu de alimentar o Calango. Antes isso nunca havia acontecido. Aí foi o motivo para a tragédia. Logo que o Jeff chegou do trabalho notou que o Calangão estava meio inquieto, ficava pulando, batendo na porta, parecia estar apavorado. Notando tal agitação, Jeff abriu a porta rapidamente e começou o massacre. Uma luta quase inimaginável entre um ser humano e um calango. Luta não, o ser humano não teve chance, como já disse foi um massacre. O Calangão devorou o Jeff. Após isso tudo, o Calangão, que era um ser super inteligente, foi ao cinema assistir à Beleza Americana e até andou comentando que o filme tinha um estilo que ele “curtia muito” assim...” um tanto rodrigueano” (para quem não entendeu, quer dizer que o filme tem um enredo um tanto parecido com as estórias de Nelson Rodrigues – aquele torcedor ilustre do Fluminense que disse a célebre frase: “toda unanimidade é burra”).

Dizem que o Calango foi visto recentemente, com um sorriso cativante e também vento na cara, dentro de um Toyota Solara Convertible vermelho de rodas largas e confortáveis poltronas de couro legítimo, trafegando pela orla de Camburi, a palitar os dentes!

Wednesday, August 23, 2006

Para fazer neném.

O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras - acho que estou entre elas - aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação. Senna - Junho 1991

Volta e meia, meia volta, aparecia do nada lá na nossa rua. Ghéti, assim que a chamavam. Seria mais uma no meio da criançada, se não fosse tão grandona e não tivesse o ácido dom de povoar o jardim da nossa infância com crimes, que hoje saberia, sem qualquer suspeita ou dúvida, que se tratava de mentiras deslavadas. Diziam uns que ela morava no Morro do Cristo, outros que era na rua da Lama e ela jurava que sua residência era no centro da cidade, bem perto da matriz. Ela, quando chegava triste, a gente já sabia, “nossa, a Kombi vermelha já pegou mais um”. Então, Ghéti começava a debulhar os horrores. “Mas gente, ele era lá do outro lado do rio e a mãe dele viu quando o pegaram pelos braços e o colocaram na Kombi. Lingüiça, eles estão pegando a meninada pra fazer lingüiça. Eu conheço a família dele. Foram à polícia e a polícia nunca pega os caras”. O medo mesmo começou a me contaminar quando, toda rota, suada e com os joelhos relados, a Ghéti chegou pedindo água com açúcar, disse que fora perseguida, ali na rua de baixo, bem perto da minha casa, pela maldita Kombi. “Danou-se”, falei pro meu umbigo. Estou mesmo ferrado, não posso mais sair de casa, senão viro lingüiça. Lá em casa o pessoal dizia que essa tal Ghéti era cretina, “mentirosa de marca maior” e que lá na polícia não havia nenhuma ocorrência. Um menino estava desaparecido sim, mas ao que tudo indicava, ele quis desaparecer dada a causa dos maus tratos que recebia em casa da madrasta. Já havia pistas de que ele estaria em Governador Valadares. Que o menino estivesse em Valadares, em Vitória, em São Paulo ou na Conchinchina, o medo continuava a me paralizar a ponto de querer de deixar de ir à escola. O tempo passou, a Ghéti sumiu do mapa. Disseram que ela mesma havia virado lingüiça. Com o sumiço dela, a tranqüilidade voltou. Nada mais de ruim acontecia, exceto alguns dedos esfolados nas ”peladas” do Cantão. Não é que passados anos, estava eu e o meu velho, a comprar na feira livre e a Ghéti estava por lá, barriguda, carregava um filho no ventre. Arguta, pechinchava preço em tudo. Não falei com ela. Mas deu-me uma vontade bruta de dar-lhe um beliscão, assim como ela fazia com a gente e dizê-la: “ Aê dona Ghéti, quer dizer então que o pessoal da Kombi vermelha mudou de ramo, agora deram a fazer neném?

Ira! "O Girassol"

Saturday, August 19, 2006

Sobre flores e formigas cortadeiras.

Circunda-te de rosas, ama, bebeE cala. O mais é nada!
Fernando Pessoa

Decidira então, ela, que deveria cultivar rosas. Poliantas – pois haveriam de florir generosamente, pelo ano todo, o jardim lá de casa. Certificou-se dos cuidados que deveria empreender para o cultivo de seu sonho florido.
Brotaram viçosas e, em pouco tempo, produziram-se vistosos cachos carmins. A satisfação da contemplação não durou mais que um ciclo de floração. Apareceram as cortadeiras e que, por sua natureza, desfolharam todo aquele jardim. Minha mãe bem que tentou combatê-las, mas soube-se que elas nidificavam num quintal vizinho, onde morava uma gente de muros altos... Então fora um jardim de notáveis rosas, que se reduziu a um solitário tinhorão... (continua no blog Crônicas do Joel)
Celebrando com Faith no More - I Started a Joke.




Aqui também se lê e vê-se coisas boas: Afrodite Alê Félix*Alfarrábio*Allan Sieber *Ângela Scott*Angel Blue*Apostos*Assim é, se lhe parece*Anomia *Apeirophobia*Autopsicographia*Banana*Barafunda*Belas Imagens*Bereteando*Biajoni*Bia Badaud*Bitaites*Blog das Cores*Blog de Papel*Blog do Gejfin*Blog dos Cassetas*Blog'n'Roll*Bloggete*Blogólogo*Blogueira dos "Enta"*Blowg*Cadafalso*Caryoker*Catarro Verde*Chinfra*Cinema e etc*Cláudia Draper*Colombina*Coluna Brasil*Contexto da Descoberta*Contos Perversos*Copy & Paste*Cora*Cris Camargo*Cyn City*Danilo Amaral*Dennis On The Net *Dia a Dia*Diário Clandestino*Digestivo Cultural*Direita Volver*Dito Assim Parece à Toa*Divagando*Doce Maior*Drops da Fal*Dudi Maia*É por Aqui que Vai pra Lá? *Elis Monteiro*Epinion*Fatamorgana*Fabrício Carpinejar*FDR*Feito à mão*Fernando Cals*Flabbergasted*Forsit*Frankamente*Fulerus Filmes*Funny*Giniki*Grafolalia*Gugala*Hapax Legomenon*Hipopótamo Zeno*Homem Chavão*Interney*Ione*Iosif Landau*Jean Boechat*Jesus me Chicoteia! *Kel*Kibe Loco*Leite de Pato*Leonardo Pimentel*Liberal Libertário*Língua de Mariposa*Lu NY*Luz de Luma*Malvados*Marcos Donizetti*Mario AV*Marmota*Matusca*Mau Humor*Mauricíia Desvairada*Megalopolis*Mentes Férteis*Mikhail Askhalsa*Milton Ribeiro*Mirante*Misses P. *Mme. Mean*Na Cara do Gol*Nada é Por Acaso*Naíf Gendarme *Não Discuto*Nóvoa em Folha*Nós por Nós*O Busílis*Objeto Abjeto*O Chato*Ócio & Ofício*O Biscoito Fino e a Massa *O Polzonoff*Os Corleones*Padre Levedo*Patos & Fotos*Pega na Grandona*Pensar Enlouquece*Pirão Sem Dono*Plastic Surprise*Plínio Fuentes*Polli*Porão Abaixo*Postal*Pra Lá de Marrakech*Pro Tensão*Quem Tem Medo de Baby Jane? *Quid Est Veritas? *Ratapulgo*Relicário*Repórter Mosca*Rua da Judiaria*Salón Comedor*Sarneba *Saudade dos 80 *Scarlet Letters*Sheila Lerner*Sílvia Chueire*Sinaleiro Amarelo*Smart Shade of Blue *Sovaco de Cobra*Splendore *Striptease Cerebral *Stuck in Sac*Suburbia Tales*Suzi Hong*Tatiana Wise*Tchela*Teorias Umbilicais*Thomaz Magalhães*Too Much Information*Ururau Irado*Viagem*Vida de Redatora*Walkwoman*